Dá-se um jeito. Sempre que se quer, dá-se um jeito e as partes, por mais que discordem, acabam se entendendo. Se a política não serve para isso, para que mais ela serve?
A falta de entendimento, no limite, paralisaria o governo. E deputados e senadores também perderiam com isso porque o valor de suas emendas ao Orçamento da União seria rebaixado.
No último domingo, Lula reconheceu que foi mal conduzido o anúncio da medida que levou ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Não disse por quem, mas comentou:
“O governo tem que aprender que, quando quiser ter uma decisão que seja unânime entre todos os partidos, o correto não é a gente tomar a decisão e depois comunicar. É a gente chamar as pessoas para tomar a decisão junto com a gente, para que a gente mostre e, quando chegar, as coisas estarem mais ou menos alinhadas”.
E foi adiante:
“Ninguém tem obrigação de aprovar medida provisória do governo, de aprovar projeto de lei do governo, se não concordar. O nosso papel enquanto governo é convencer as pessoas da importância daquilo. E convencer é conversar”.
Lula foi avisado da medida pelos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil. É preciso aumentar a arrecadação para fazer face ao aumento de gastos públicos.
Ao mesmo tempo, haveria um corte gigantesco no orçamento de todos os ministérios, à exceção de um. O aumento do IOF ofuscou o corte no orçamento dos ministérios para investimentos.
Foi imediata a reação do mercado e do Congresso. Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, deu a Haddad um prazo de 10 dias para que encontre uma alternativa ao aumento do imposto.
Haddad dispensou o prazo. Espera, de hoje para amanhã, apresentar uma nova proposta. Já conversou a respeito com Lula, Motta e David Alcolumbre, o presidente do Senado.
O aumento do IOF foi considerado por Haddad uma medida regulatória para resolver um problema “de forma paliativa. A alternativa “é voltar para as reformas estruturais”.
O que isso quer dizer exatamente? Haddad prometeu bater o martelo antes do embarque de Lula, logo mais à noite, para uma visita de chefe de Estado à França.
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