A Procura de Martina estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (5/6). A ficção é inspirado nas histórias das Avós da Praça de Maio, associação de direitos humanos da Argentina que busca localizar e restituir todas as crianças sequestradas pela ditadura no país.
Em entrevista ao Metrópoles, a protagonista Mercedes Morán relembrou o período sombrio.
“Eu fui contemporânea da ditadura. Foi um período muito duro, lamentável, muito sinistro, muito sombrio. Um momento em que não conseguíamos imaginar como seria o futuro. Víamos tudo como algo muito horrível”, recordou.
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Mercedes Morán é a protagonista de A Procura de Martina
Leo Bittencourt/Divulgação
No filme, Mercedes Morán vive Martina, uma viúva argentina que procura há mais de trinta anos pelo neto, nascido em cativeiro durante a ditadura militar. A necessidade de encontrá-lo se torna ainda mais urgente quando ela recebe o diagnóstico de Alzheimer
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A Procura de Martina: Ao descobrir que o neto pode estar no Brasil, Martina embarca em uma jornada onde passado e presente se misturam, transformando a busca pelo neto em uma luta também contra o esquecimento.
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A Procura de Martina
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A Procura de Martina
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No filme, Mercedes Morán vive Martina, uma viúva argentina que procura há mais de trinta anos pelo neto, nascido em cativeiro durante a ditadura militar. A necessidade de encontrá-lo se torna ainda mais urgente quando ela recebe o diagnóstico de Alzheimer.
Ao descobrir que o neto pode estar no Brasil, Martina embarca em uma jornada onde passado e presente se misturam, transformando a busca pelo neto em uma luta também contra o esquecimento.
A ficção do filme está presente justamente na viagem para o Brasil, como explicou a diretora Márcia Faria ao Metrópoles. “Não existem registros de netos argentinos encontrados no Brasil até hoje. Nesse sentido, é uma ficção. Agora, a luta e a resistência das Avós da Praça de Maio é uma realidade. O filme bebe dessa realidade para contar a nossa ficção.”
Alzheimer protagonista
A cineasta responsável por A Procura de Martina tem uma relação próxima com o Alzheimer, doença que acomete Martina, personagem do filme. A diretora Márcia Faria revelou que a mãe dela foi acometida pela doença e que a condição faz parte da vida de ambas.
“Minha mãe tem Alzheimer há mais de 10 anos. Acompanho ela nesse processo e isso se refletiu no roteiro. A personagem Martina tem essa fragilidade, mas não é um personagem derrotado pela doença. Ela tem uma pulsão de vida, uma força grande para ir atrás do desejo de encontrar o neto”, explicou.
A dualidade entre força e vulnerabilidade causada pela doença também encantou Mercedes Morán, que vive a protagonista no filme. “A forma como essa força, esse motor que é o amor pela filha, a leva a seguir em frente mesmo nos momentos em que se sente mais perdida, mais fraca e mais vulnerável, foi marcante.”
Leveza feminina
Apesar de ter um conteúdo mais pesado, também existe espaço para a leveza no filme A Procura de Martina. A atriz brasileira Luciana Paes é uma das responsáveis por trazer momentos de frescor na produção com a personagem Jéssica.
“O filme tem um lugar risível, afetivo e sincero. O humor é um espaço que ajuda a dramaticidade, ele tem um efeito de dissolver corações e de abrir o caminho para os dramas da produção. O humor te desmancha e te deixa mais livre para se envolver com a trama. A arte pode ser leve e pesada ao mesmo tempo”, pontuou.
Com elenco e produção do filme formados majoritariamente por mulheres, a experiente atriz Carla Ribas acredita que a presença feminina, em um assunto sombrio, delicado, mas feminino, traz um ambiente diferente para as produções no cinema.
“Chegou a hora das mulheres colocarem sua voz em cena. É um outro olhar, um outro clima no set de filmagens, uma outra pegada, com outras relações. Atualmente, temos grandes figuras femininas em todas as áreas do cinema. São mulheres brilhantes que passaram a ser mais respeitadas. Estamos tomando nosso espaço e colocando nossa voz. O cinema não é só masculino”, declarou.
A diretora Márcia concorda com a afirmação. “Falar das Avós da Praça de Maio é falar de um olhar feminino, de mulheres que foram para as ruas procurar os filhos e criaram um forte laço afetivo. Além disso, trabalhar com personagens femininas acima de 60 anos, mesmo não sendo tão comum, me encanta muito.”
Premiações do filme
Antes da estreia oficial nos cinemas, o filme, dirigido por Márcia Faria, recebeu o prêmio de Melhor Filme na competição latino-americana do 39º Festival de Mar del Plata, realizado na Argentina.
O filme é uma produção conjunta das brasileiras Kromaki e Ipanema Filmes, em parceria com as uruguaias Básico e Criatura, e conta com a distribuição da Bretz Filmes.