Peça fundamental para movimentar as engrenagens do esquema criminoso que controlava o tráfico de drogas na Estrutural, a advogada alvo da operação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nesta quarta-feira (14/5), extrapolava o campo da assessoria jurídica para os integrantes da organização criminosa. A defensora usava laranjas e testas-de-ferro para figurarem no quadro societário de distribuidoras de bebidas. Os estabelecimentos, segundo a Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), eram usados para lavar dinheiro do tráfico.
A advogada, que pertence à uma das comissões de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional DF (OAB-DF), foi alvo de mandado de busca em quatro endereços, tanto residenciais quanto comerciais. A defensora seria mulher de confiança de Fabiano da Silva Lira, o Chucky, chefão da organização criminosa que gerencia 25 bocas de fumo da Estrutural.
A profissional do direito teria o costume de se habilitar em processos criminais de membros da quadrilha que foram presos. Ela acompanham o trâmite até a audiência de custódia e, quase sempre, abandonava o processo na sequência. O principal objetivo era ter a certeza que nenhum comparsa entregaria Chucky. Influente e conhecida entre os criminosos que se escondem na região, a advogada ganhou o apelido de “Deolane da Estrutural” ou “Bibi do pó”.
A logística
O bando se especializou em lavar fortunas amealhadas com a venda de cocaína, maconha e crack. Carregamentos das drogas abarrotavam 25 bocas de fumo espalhadas estrategicamente pela cidade. O fluxo financeiro do esquema teria movimentado, pelo menos, R$ 150 milhões em um período de apenas dois anos.
A Operação Monopólio cumpre 22 mandados de prisão temporária e 29 de busca e apreensão na Estrutural, Paranoá, Ceilândia, Águas Claras, Samambaia e Aparecida de Goiânia (GO). Além disso, os investigadores pediram à Justiça o bloqueio de 26 contas bancárias e o sequestro de bens, como carros, imóveis residenciais e estabelecimentos comerciais. A 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) também participou das investigações e apoia a operação.
De acordo com as investigações, a organização criminosa usava a violência para controlar os pontos de venda de drogas utilizando um braço armado, onde “soldados” do tráfico circulavam pela região com pistolas e escopetas. O líder do tráfico e dono de todas as 25 bocas de fumo da Estrutural foi identificado como Fabiano da Silva Lira, o Chucky. O chefão também patrocinava serviços advocatícios para integrantes da organização criminosa eventualmente presos. A maior preocupação do líder era evitar que comparsas o entregassem.
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Lavagem de dinheiro
O esquema de Chucky utilizava das mais variadas formas de lavagem de dinheiro com o tráfico de drogas. O grupo usava a tipologia de lavagem de dinheiro conhecida como “smurfing”, quando os traficantes fragmentam os depósitos financeiros que são pulverizados em diversas contas, sempre com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos recursos.
As movimentações bancárias e transferências de valores para a conta dos investigados revelaram um abismo de diferença entre os rendimentos legítimos dos criminosos e o volume expressivo de recursos recebidos. Pelo menos sete distribuidoras de bebidas eram usadas pela organização criminosa para lavar o dinheiro do tráfico.
Além disso, empresas fictícias usadas para a emissão de notas fiscais frias também serviam para o bando justificar uma movimentação milionária