Alguns alunos de medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), campus Guarujá — litoral paulista — acusam a instituição de oferecer-lhes condições precárias no estágio obrigatório, feito no hospital Santo Amaro.
Ao Metrópoles, a instituição de ensino negou as acusações, entre as quais também inclui-se a suposta falsificação da assinatura do estudante Roberto Fakhouri, de 43 anos, como consta em um processo do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Fotografias feitas pelos estudantes mostram ao menos três deles deitados no chão do hospital, em momentos diferentes, durante o internato — como é chamado o estágio, o qual alegam serem submetidos a plantões exaustivos.
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Alunos reclamam de problemas estruturais
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Aluno descansa deitado no chão
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Aluno de medicina descansa no chão durante estágio
Reprodução/TJSP
Os aspirantes a médico realizariam revezamentos para conseguirem descansar um pouco, durante as noites e madrugadas de estágio, mas sem acesso a locais adequados para isso.
“Triste, muito triste o que estão [universidade] deixando alguns fazerem com esta universidade e com os alunos dos quais tem aqui como uma referência de ‘lar’”, afirmou Roberto, por e-mail.
A mensagem, encaminhada à reitoria da instituição, em novembro de 2023, menciona um episódio em que, segundo o estudante, a sua assinatura foi falsificada em um documento — durante um processo interno no qual havia sido reprovado em uma disciplina.
Alunos divididos
O Metrópoles questionou um grupo de alunos por meio de mensagens, respondidas também em texto, nas quais afirmaram que os estudantes denunciantes estariam “dando depoimentos falsos” para veículos de imprensa “sensacionalistas”.
“Vamos para os fatos. Se você escolheu a medicina, deveria saber que o médico não tem hora pra almoçar, tomar café ou tirar um cochilo, porque ninguém escolhe a hora que vai passar mal e precisar de atendimento”.
A liga acadêmica escreveu ainda que a Unoeste oferece um dos mais reconhecidos cursos particulares de medicina do país — cujo nome os denunciantes estariam querendo “levar para o ralo”. “No mínimo você [denunciante] escolheu a profissão errada e principalmente a faculdade em que está cursando medicina”.
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O que diz a Unoeste
Em nota encaminhada à reportagem, nesta segunda-feira (16/6), a Unoeste afirmou serem infundadas “as alegações recentemente divulgadas” sobre a suposta precariedade nos estágios, além da falsificação da assinatura do estudante reprovado. “Lamentamos que um caso isolado esteja sendo utilizado de forma distorcida para comprometer a reputação de uma universidade”.
A instituição disse ainda disponibilizar camas para os estagiários descansarem “adequadamente”. “O hospital possui uma Diretoria de Ensino responsável por coordenar e supervisionar as atividades dos alunos, com profissionais sempre disponíveis para atender às suas necessidades”, acrescentou.
O Metrópoles enviou mensagens para Roberto Fakhouri e seu advogado, não respondidas até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.