São Paulo — Alvo de uma megaoperação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (23/4), o bilionário esquema de descontos indevidos feitos por várias entidades sobre aposentadorias do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens que teve início em março de 2024.
Na ocasião, o Metrópoles mostrou, a partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que 29 entidades autorizadas pelo INSS a cobrar mensalidades associativas de aposentados tiveram um salto de 300% no faturamento com a cobrança no período de um ano, enquanto respondiam a mais de 60 mil processos judiciais por descontos indevidos.
A reportagem analisou dezenas de processos em que as entidades foram condenadas por fraudar a filiação de aposentados que nunca tinham ouvido falar nelas e, de uma para outra, passaram a sofrer descontos mensais de R$ 45 a R$ 77 em seus benefícios antes mesmo de o pagamento ser feito pelo INSS em suas contas.
Após a reportagem, o INSS abriu procedimentos internos de investigação e a Controladoria-Geral da União (CGU) e a PF iniciaram a investigação que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira. Mais de 200 mandados de busca e apreensão e seis de prisão foram cumpridos em 13 estados e no Distrito Federal.
O atual presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo nesta quarta por decisão judicial.
As reportagens do Metrópoles também mostraram quem são os empresários por trás das entidades acusadas de fraudar filiações de aposentados para faturar milhões de reais com descontos de mensalidade. Após a publicação das matérias, o diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, foi exonerado do cargo.