São Paulo – O deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) pediu nesta segunda-feira (14/4) que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tenha “responsabilidade com o País” e não paute o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Boulos classificou como “vergonhoso” o fato de que mais da metade dos deputados tenha assinado o pedido de urgência apresentado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para a tramitação do projeto.
“É vergonhoso que mais da metade dos deputados da Câmara federal tenha assinado um pedido de urgência para um projeto que nada tem a ver com o interesse do País, mas que tem a ver com um interesse político e pessoal do Bolsonaro e de generais golpistas de se safarem da cadeia”, afirmou Boulos durante audiência realizada na Câmara Municipal de São Paulo.
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O Psolista participou de um evento organizado pela oposição ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), em que vereadores e lideranças partidárias fizeram um “balanço crítico” dos cem primeiros dias de gestão do emedebista.
Boulos afirmou que o projeto da anistia enfrentará uma “tremenda obstrução” por parte dos partidos de esquerda na Câmara dos Deputados.
“Espero que o presidente da Câmara, Hugo Motta, tenha a responsabilidade com o País, não digo nem com o governo ou alguma outra força política, de colocar uma pauta como essa na ordem do dia. É inadmissível que o trabalho legislativo no Brasil seja o de salvar a pele do Bolsonaro da cadeia. Vamos trabalhar para obstruir esse projeto caso vá para votação na Câmara. Mas eu ainda acredito que o bom senso vai prevalecer e que ele não será pautado”, disse o deputado.
Nesta segunda-feira, o PL protocolou no sistema da Câmara o requerimento de urgência do PL da Anistia. A proposta foi apresentada com 264 assinaturas. Na semana passada, o PL já havia conseguido reunir 257 assinaturas e, assim, garantiu o apoio da maioria absoluta de deputados federais.
Embora festejada pelos congressistas, a marca cumpre formalidade, mas não assegura a tramitação da matéria. O pedido foi protocolado em um momento que o governo Lula entrou em campo para tentar pressionar partidos da base a retirarem assinaturas do requerimento.
Mesmo que tenha sido protocolado, isso não significa que há urgência para a proposta. Para que o PL passe a tramitar sob esse regime, o presidente da Câmara precisa pautar o pedido, e o plenário, referendá-lo. A apresentação oficial do requerimento, porém, é mais um passo político na pressão pela anistia aos envolvidos no 8/1.