A Polícia Federal (PF) aponta que algumas das cobranças indevidas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) partiam de sindicatos e associações de cidades distintas às de residência dos aposentados e pensionistas.
A informação consta no relatório da PF obtido pela CNN nesta segunda-feira (28).
A investigação apurou que, das 15 autorizações apresentadas pela Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), 14 (93,33%) são de aposentados que residem em municípios diferentes ao do sindicato cobrador, com distâncias que variam de 34 a 957 quilômetros.
“Tal situação faz suspeitar que tais vinculações sejam fictícias, haja vista que seria pouco provável que os aposentados/pensionistas, todos idosos acima de 60 anos, fossem se deslocar para outra Unidade da Federação para se associar a um sindicato/associação distante, inclusive pela dificuldade de contar com a assistência dessas entidades quando precisassem”, diz o relatório.
A PF destacou o caso de um aposentado de Manacapuru (AM), que estaria vinculado à Associação de Desenvolvimento Rural Família Feliz, de São Gabriel da Cachoeira (AM).
O relatório aponta que entre as duas cidades há a distância de 957 km, num trajeto que leva 27 horas e 29 minutos para ser percorrido, sendo necessário uso de automóvel e barco.
“É improvável que um aposentado de 78 anos fosse percorrer tamanha distância para se associar, assim como também é improvável que funcionários da associação fossem percorrer tantos quilômetros em busca de associados. E ainda que a vinculação associativa exista, seria muito difícil a prestação de quaisquer serviços pela entidade a tão longa distância”, explica.
No caso dos descontos ilegais da Conafer, a PF ainda aponta que foram realizadas cobranças superiores àquelas que constam nas supostas autorizações de pagamento.