As tarifas comerciais de Donald Trump derrubaram o Bitcoin e as demais criptomoedas, assim como fizeram com os demais mercados. O BTC chegou a despencar 10% entre domingo (6) e esta segunda-feira (7), para a faixa dos US$ 74,5 mil, o menor preço em cinco meses. Algumas das principais altcoins escorregaram ainda mais, caindo até 20%.
Diante do tombo, as perguntas que ficam são: os preços vão cair mais, é melhor vender agora e colher o prejuízo ou é mais recomendado esperar a turbulência passar?
A resposta para a primeira questão é sim, o BTC e as demais criptos podem cair mais. O gráfico diário mostra, segundo Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, que se houver continuidade da baixa, o Bitcoin poderá buscar a faixa dos US$ 69.000 como suporte de longo prazo.
“Caso entre força compradora absorvendo a queda, a resistência de curto e médio prazo está na faixa de preço dos US$ 79.100 e US$ 82.300”, disse.
O mesmo vale para a altcoins, que costumam sofrer mais do que o BTC porque são menores, têm menos liquidez e costumam ser vendidas em tempo de turbulência. O ETH, negociado a US$ 1.509, pode buscar a faixa dos US$ 1.230 se o fluxo vendedor continuar forte, enquanto a Solana (SOL), trocada de mãos a US$ 102, poderia tem como suporte US$ 88, segundo Ana.
Hora de vender ou comprar?
Apesar de o cenário gerar pavor nos investidores – o índice Crypto Fear & Greed chegou a cair para 17/100, sinalizando “medo extremo” – não é momento para desespero. A máxima entre analistas de mercado é que não vale se desfazer dos ativos em momentos de queda, a menos que o investidor precise do dinheiro agora.
“Eu não considero uma boa hora para vender, na minha visão não se vende em mercado de baixa, na verdade é um momento de compra. Só a nível de curiosidade, do valor que está agora, em US$ 79 mil. para o topo que o BTC atingiu em janeiro, entre US$ 108 e US$ 109 mil, a gente está falando de quase 40% de valorização. Então é uma oportunidade muito boa”, disse Mychel Mendes, CFO da Tokeniza.
Geoffrey Kendrick, head global de research de ativos digitais do Standard Chartered, disse para o portal especializado em cripto The Block que “há muito barulho no momento”, mas acredita que o “Bitcoin se tornará uma proteção contra riscos tarifários desta vez” no futuro, visto que os EUA parecem cada vez mais isolados da economia global.
O que esperar das próximas semanas?
Os mercados de opções sugerem que a pressão de venda pode continuar “com a distorção para opções de venda aumentando consideravelmente”, disse Sean McNulty, head de derivativos APAC na corretora de ativos digitais Falcon, para a Bloomberg. Dados da Coinglass mostram que cerca de US$ 745 milhões em apostas otimistas em criptos foram liquidadas nas últimas 24 horas, o maior valor em quase seis semanas.
Beto Fernandes, analista da exchange Foxbit, falou que a perspectiva é de que esta ainda seja uma semana bastante tensa. “Afinal, o mercado vai esperar a reação de outros países, enquanto analisa os dados inflacionários dos EUA na quinta-feira”.
Guilherme Prado, country manager da Bitget para o Brasil, falou que, apesar do cenário desafiador, alguns sinais podem beneficiar o mercado, mas nos próximos meses, não no curtíssimo prazo.
“O rendimento dos treasuries americanos caiu abaixo de 4%, o que alivia pressões sobre a dívida futura. O dólar (DXY) está mais fraco, favorecendo a valorização de moedas globais e abrindo espaço para fluxos de capital rumo às criptos. E as chances de corte de juros pelo Fed em maio aumentaram, o que tende a impulsionar ativos de risco”.
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Cuidado
As criptomoedas são ativos considerados de alto risco, principalmente por causa da alta volatilidade. Por isso, especialistas costumam sugerir que o investidor avalie com muito cuidado a indústria cripto e aloque em ativos digitais apenas recursos que não são essenciais para o dia a dia.