Em uma virada eleitoral, o centrista independente Nicusor Dan venceu neste domingo (18/5) segundo turno presidencial da Romênia ao conquistar 54% dos votos. O resultado foi encarado com alívio por líderes de outros países-membros da União Europeia (UE), já que Dan é um apoiador declarado do bloco.
Com 99,3% das urnas apuradas, Dan venceu de virada o eurocético George Simion, líder do partido de ultradireita Aliança para a União dos Romenos (AUR), que havia ficado na liderança do primeiro turno no início de maio, e que neste domingo conquistou 46% dos votos.
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Após o fechamento das urnas no domingo, Dan, de 55 anos, disse à mídia que “as eleições não são sobre políticos”, mas sobre comunidades e que na votação de domingo “uma comunidade de romenos venceu, uma comunidade que deseja uma mudança profunda na Romênia”. “Quando a Romênia passar por momentos difíceis, vamos nos lembrar da força da sociedade romena”, disse ele.
Os líderes da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu rapidamente felicitaram Dan pela vitória, destacando que os romenos escolheram o projeto europeu.
“As minhas mais sinceras felicitações a Nicusor Dan pela sua vitória desta noite!”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “O povo romeno compareceu em massa às urnas. Escolheram a promessa de uma Romênia aberta e próspera numa Europa forte”, declarou.
Derrotado, Simion evita reconhecer resultado
Após o anúncio das primeiras pesquisas que indicavam a vitória de Dan, a imprensa romena passou a destacar o temor de protestos violentos no país, já que o ultradireitista Simion vinha nos últimos dias ensaiando sem provas um discurso de que uma eventual derrota da sua candidatura poderia ser resultado de fraude.
E assim aconteceu. Na noite de domingo, Simion reivindicou a vitória, apesar das projeções e das parciais apontarem sua derrota.
“Somos os claros vencedores destas eleições. Reivindicamos a vitória em nome do povo romeno”, declarou Simion.
Quase 18 milhões de cidadãos estavam aptos a votar para eleger um novo presidente do país – que integra a União Europeia (UE) e a Otan. Segundo dados oficiais, a participação eleitoral neste segundo turno foi de 64,70%, ou 11.639.301 votantes. No primeiro turno, a participação foi de 53%.
Impacto na UE
O cargo de presidente na Romênia tem poderes mais limitados que em outros países com Executivos fortes, mas ainda assim inclui prerrogativas como definir a política externa e de segurança. O novo presidente também será encarregado de nomear um novo primeiro-ministro, depois que Marcel Ciolacu renunciou ao cargo após o fracasso do candidato de sua coalizão em avançar para o segundo turno.
Na UE, onde a ultradireita vem registando uma série de avanços, uma possível vitória de George Simion vinha sendo encarada com apreensão, por potencialmente vir a reforçar o campo nacionalista e eurocético do bloco, que conta com figuras como o primeiros-ministros Viktor Orbán, da Hungria, e Robert Fico, da Eslováquia.
Neste domingo, o governo da Romênia também denunciou o que chamou de sinais de interferência russa, assim como havia ocorrido no ano passado. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores romeno, Andrei Ţarnea, disse na rede social X que “mais uma vez são visíveis sinais de interferência russa” nas eleições.
“Uma campanha viral de notícias falsas no Telegram e outras plataformas de mídia social tem como objetivo influenciar o processo eleitoral”, afirmou o porta-voz cerca de uma hora antes do fechamento das seções eleitorais.
Pleito após anulação
O pleito deste domingo ocorreu pouco mais de cinco meses após a anulação do segundo turno original na Romênia devido a suspeitas de interferência russa.
Calin Georgescu, que surpreendeu ao vencer o primeiro turno original que foi posteriormente anulado, foi barrado da nova corrida presidencial.
Georgescu, no entanto, ainda tentou influenciar o pleito, declarando apoio a Simion.
Ao final do primeiro turno do novo pleito, no início de maio, Simion também disse que queria transformar o que via como o “roubo” eleitoral do ano passado em uma vitória. Um fervoroso apoiador de Donald Trump, ele também prometeu colocar “a Romênia em primeiro lugar”, emulando o estilo do presidente americano.
Por outro lado, Simion vinha afirmando ser “mais moderado” que Georgescu, um admirador declarado de antigos fascistas romenos. Ainda assim, ele disse compartilhar com Georgescu sua animosidade em relação ao que ele chama de “burocratas não eleitos de Bruxelas”, acusando-os de interferir nas eleições romenas.
O pleito na Romênia fez parte de um trio de eleições que ocorreu neste domingo na Europa. Eleitores também foram às urnas em Portugal e Polônia.
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