O ouro, que teve o melhor desempenho entre os metais em 2024, continua brilhando. A commodity subiu 20% nos três primeiros meses do ano e atingiu a marca de US$ 3.100 por onça-troy nesta semana, um novo recorde histórico. Esse movimento foi impulsionado pelo aumento da aversão ao risco diante do anúncio das tarifas recíprocas impostas por Donald Trump.
A medida do presidente dos Estados Unidos, batizada de “Dia da Libertação”, acendeu o alerta para uma possível guerra comercial global. Em momentos de incerteza, como o atual, investidores buscam ativos considerados seguros, como o ouro, o que atrai investidores e impulsiona seu preço.
OK, o metal subiu, mas qual a melhor maneira de investir nele hoje em dia? Além disso, ainda vale a pena investir ou o bonde do ouro já passou? Veja as respostas abaixo!

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Ouro físico
A forma mais tradicional de investir em ouro é comprando o metal diretamente, seja em barras, moedas ou outros formatos. Para isso, é essencial adquiri-lo em instituições autorizadas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É possível consultar nos sites de ambas as instituições as empresas autorizadas. As casas mais conhecidas são Ourominas, Parmetal e Carol DTVM.
Vantagens e desvantagens: Ter posse do ouro físico elimina o risco de falência de um intermediário financeiro, garantindo a propriedade direta do ativo. No entanto, essa opção apresenta desafios, como a necessidade de armazenamento seguro e a menor liquidez, já que vender o metal pode não ser tão rápido quanto negociar ativos na bolsa.
ETFs de ouro
É possível investir em ouro via ETFs, que são fundos de investimentos negociados como ações. Há várias opções nas bolsas globais e na B3. Por aqui, os três principais são: GOLD11, gerido pela XP Vista Asset Management; BIAU39, que é um BDR (recibo negociado na B3 que representam empresas do exterior) de um ETF de ouro da BlackRock; e o ABGD39, um BDR de um ETF gringo do metal gerido pela Abrdn, uma empresa de investimentos global. Nesta semana, a gestora brasileira Investo lançou o GLDX11, um ETF com lastro em barras de ouro.
Vantagens e desvantagens: Esses fundos oferecem liquidez e praticidade, permitindo que o investidor compre e venda cotas facilmente na bolsa. Apesar disso, há custos envolvidos, como taxas de administração que variam de 0,17% a 0,30% ao ano, e o risco de solidez da empresa emissora.
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Ações de mineradoras de ouro
São papéis de companhias globais que trabalham com extração do metal precioso. Algumas das maiores do mundo são a estadunidense Newmont Mining (N1EM34F), a canadense Barrick Gold (BARR34) e a sul-africana AngloGold Ashanti (A1UA34), todas com BDRs na B3. O histórico mostra que essas ações têm uma “defasagem” em relação ao preço do ouro, e costumam subir após a elevação do metal.
Vantagens e desvantagens: John Plassard, analista da Mirabaud, disse para o InfoMoney que dois dos pontos positivos dessa modalidade são a transparência e a possibilidade de ganhar proventos. “As mineradoras precisam reportar seus lucros, investimentos e novos projetos, o que facilita para os investidores avaliar se devem investir ou não. Algumas também pagam dividendos, o que pode atrair investidores que buscam uma fonte de renda passiva, algo que o ouro, por si só, não oferece”.
No entanto, disse, além do preço do ouro, a instabilidade política em países onde as mineradoras operam pode afetar negativamente os resultados, e as ações dessas firmas também apresentam maior volatilidade nos preços do que o metal.
Stablecoins
Stablecoins são criptomoedas atreladas a algum outro ativo, como moeda fiduciária e commodities. Algumas são associadas ao ouro, como a Pax Gold (PAXG) e a Tether Gold (XAUt). Cada unidade delas equivale a uma onça-troy, ou cerca de 31 gramas de ouro. Portanto, diferente de criptos tradicionais, como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), as stablecoins têm lastro.
Vantagens e desvantagens: Assim como ações e ETFs, um dos principais benefícios é a facilidade de compra, já que essas stablecoins estão disponíveis em exchanges, além de oferecerem alta liquidez. No entanto, há desafios, como a necessidade de verificar a credibilidade das empresas emissoras, a falta de total transparência sobre as reservas de ouro e as incertezas regulatórias que ainda cercam o mercado cripto.
Como funciona a tributação do ouro?
No caso do ouro físico, a alíquota de Imposto de Renda (IR) sobre o lucro da venda é de 15%, com isenção para transações inferiores a R$ 20 mil. Os ETFs e BDRs de ouro também são tributados em 15%, mas sem direito à isenção. Para stablecoins, a tributação varia de 15% a 22,5%, conforme a faixa de ganho. Em relação às stablecoins adquiridas em corretoras brasileiras, o imposto só incide sobre vendas acima de R$ 35 mil no mês; para as compradas em corretoras no exterior, a alíquota é de 15%, mas não há nenhuma isenção.
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Bonde do ouro já passou?
O cenário global ainda é instável. Por isso, a expectativa é que o ouro continue brilhando. O Goldman Sachs, por exemplo, elevou sua previsão de preço para US$ 3.300 por onça-troy até o final de 2025, ante US$ 3.100 anteriomente, mencionando entradas elevadas nos ETFs do metal.
Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, disse que é importante entender que o ouro tende a se valorizar em cenários de incerteza, instabilidade e juros reais baixos. Por isso, embora a expectativa de cortes de taxas nos EUA seja um dos fatores de suporte, se essas tesouradas ocorrerem em um ambiente de recuperação econômica e estabilidade global, o mercado pode interpretar esse movimento como sinal de menor risco, o que reduz a demanda por ouro como ativo de proteção.
“Ou seja, parte do atual movimento de valorização pode já estar precificado, e uma melhora nas perspectivas econômicas mundiais pode levar a uma correção no curto prazo. Ainda assim, se a queda nos juros vier acompanhada de pressões inflacionárias ou manutenção das tensões geopolíticas, o ouro pode seguir com espaço para valorização”, falou.
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Em termos de alocação em carteira, o especialista disse que o metal deve ser considerado um ativo de proteção e diversificação. Para investidores conservadores, uma exposição entre 5% e 10% é suficiente para garantir um colchão de segurança sem comprometer a rentabilidade geral, falou. Para os moderados, vale uma alocação entre 7% e 15%, enquanto os investidores arrojados podem chegar a 20%, concluiu.