Apontado como um dos principais operadores do esquema bilionário de fraudes contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social, o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (20/5) por causa de uma frota de carros de luxo estacionada na garagem do mesmo prédio em que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) mantém um escritório político.
Na noite de quarta-feira (14/5), a senadora recebeu uma denúncia anônima sobre a movimentação suspeita de veículos de luxo no prédio. No dia seguinte, Damares foi ao local em que os carros estavam guardados e a equipe da parlamentar confirmou que os veículos pertenciam ao “Careca do INSS”, um dos alvos da megaoperação da PF contra o escândalo dos descontos indevidos do INSS, revelado pelo Metrópoles.
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As informações foram levadas à PF após a parlamentar participar de audiência no Senado para questionar o ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT). Nesta terça-feira, a PF fez uma operação de busca e apreensão na garagem onde estavam os carros.
O prédio, localizado no Setor Bancário Norte, fica ao lado da sede das empresas do lobista do INSS. Os carros estavam na garagem do primeiro subsolo do prédio. Segundo a equipe de Damares, os veículos mais luxuosos estavam cobertos por capas para não chamar atenção.
Segundo a equipe da senadora, há uma BMW/M3 Competition 2023, um Land Rover 2020, um AUDI/RS6 2015, um BMW/M135, um Porche/911, e um Porsche/Panamera, de R$ 766 mil. Ao todo, os carros estariam avaliados em cerca de R$ 4 milhões.
“Esses carros apreendidos serão vendidos e a única coisa que eu vou pedir é que o dinheiro desses carros voltem imediatamente para os velhinhos”, disse Damares.
Como mostrou o Metrópoles, a investigação da PF identificou ao menos 11 porsches entre outros carros de luxo com os envolvidos no escândalo. O “Careca do INSS” já fez transferência de um veículo para a companheira do ex-procurador do INSS Virgílio Oliveira Filho, além de ter feito pagamentos a dois ex-diretores do instituto que seriam propinas pagas pelas entidades que fraudavam os aposentados.
Escândalo do INSS
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.