Estudantes da rede estadual de ensino de São Paulo terão apoio da inteligência artificial (IA) para corrigir as lições de casa. Um projeto-piloto da Secretaria de Educação do Estado (Seduc-SP), que já está sendo implementado, pretende testar o uso da tecnologia na correção das atividades da ferramenta TarefaSP, na qual os alunos acessam os afazeres.
De acordo com o governo do estado, o projeto deve se estender, inicialmente, a turmas do 8º ano do ensino fundamental e da 1ª série do ensino médio. Anteriormente, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) já havia anunciado o uso da tecnologia para correção de redações e para calcular a fluência de leitura dos alunos.
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Como a IA vai corrigir a lição de casa
- No projeto-piloto divulgado pela Seduc, a IA irá ajudar especificamente na resolução de questões dissertativas, servindo como apoio aos professores na correção desse tipo de exercício.
- Quando o estudante finalizar uma tarefa, a sua resposta entra em uma fila de processamento. Em seguida, a IA irá comparar a resposta do estudante com uma resolução esperada, previamente elaborada por um time de especialistas da Seduc.
- A ferramenta vai sugerir se o aluno respondeu a questão de forma correta, parcialmente correta ou incorreta, além de fornecer uma breve explicação.
- Em todas as situações, o estudante pode avaliar o comentário que recebeu do assistente de correção.
- Conforme o governo de SP, todos os professores têm acesso aos exercícios e podem incluir comentários, assim como já acontece com as respostas às questões objetivas.
- Inicialmente, a correção de questões discursivas deve ser aplicada a 5% dos exercícios disponíveis no TarefaSP. As tarefas serão voltadas a disciplinas como língua portuguesa, matemática, ciências, química, física, geografia e história.
- Nesse projeto-piloto, as respostas dos estudantes na TarefaSP ainda não valerão nota.
Apoio aos professores
De acordo com o secretário da Educação, Renato Feder, o projeto irá apoiar o trabalho do professor. Isso porque, com a ferramenta, “o docente poderá dedicar mais tempo para o processo contínuo de melhoria do ensino e aprendizado na rede”, apontou o governo do estado.
“Com o assistente de correção por IA, conseguimos ampliar o número de questões dissertativas na TarefaSP, sem onerar os professores com as correções. Do contrário, seriam milhões de atividades a mais a serem conferidas pelos professores, o que dificultaria a correção. É para isso que contamos com a IA. A inteligência artificial, ao corrigir as tarefas, melhora o engajamento dos estudantes, aumenta o esforço deles, e prioriza o tempo dos professores na parte mais importante, que é para ensinar e não somente corrigir as tarefas”, afirma Feder.
De acordo com a especialista em Políticas Educacionais e ex-diretora global de Educação do Banco Mundial, Cláudia Costin, o projeto pode auxiliar principalmente os docentes que trabalham em salas de aula lotadas, com cerca de 40 alunos. Isso porque a ferramenta permitiria ao professor se adaptar para atender questões específicas dos estudantes.
Ela destacou, no entanto, que a tecnologia não substitui o contato com o professor, que continua imprescindível.
“É muito importante o professor ter um contato pessoal, e é muito importante que o professor colete os dados sobre a aprendizagem do aluno, então não é porque a IA vai corrigir uma parte das tarefas que o professor não vai olhar para isso, pelo contrário. A IA pode mandar para o professor um relatório de quais são as insuficiências de aprendizagem daquele aluno, então ele passa a conhecer melhor aquele aluno”, sugere a especialista.
Cláudia elogiou a proposta, que segue estratégias usadas em países como Chile e França. “Eu acho que faz sentido, e faz sentido para mim isso ser usado num experimento, porque daí a gente vai aprender como usar melhor, e não aplicar para todos os alunos de repente”, afirmou.