São Paulo — Os dois principais comandantes da Guarda Civil Municipal de Araras — cidade do interior paulista distante 168 km da capital — são investigados, juntamente com um subordinado, pelo suposto envolvimento com uma célula do Comando Vermelho (CV) atuante na região.
O Metrópoles apurou que, com a exceção do atual comandante da GCM, Daniel Ponessi Alves (imagem em destaque, à direita), a Justiça decretou as prisões do subcomandante Anilton dos Santos (imagem em destaque, à esquerda) — que está foragido — e do guarda Denis Davi de Lima. A defesa deles não foi localizada, o espaço segue aberto para manifestações.
Denis Lima foi detido em um hotel de Gramado, no Rio Grande do Sul, durante a Operação Hitman, deflagrada nessa segunda-feira (5/5).




Chefe da GCM de Araras foi afastado
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Subcomandante da guarda teve prisão decretada
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Comandante da guarda é investigado por suposto elo com facção carioca
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Investigação da Polícia Civil paulista aponta que o grupo, ao qual os guardas estavam ligados, tinha como uma das missões assassinar membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Além dos GCMs, a célula da maior facção criminosa fluminense contava com apoio de policiais militares. Três foram presos durante a operação.
Juntamente com os agentes públicos, que estariam ligados ao crime organizado, a Polícia Civil prendeu, ainda durante e operação de segunda-feira, sete criminosos que atuavam em conluio com os guardas e PMs na execução sumária de membros do PCC.
“Rota Caipira”
O núcleo ligado ao CV atuava em Limeira e cidades próximas do interior paulista, como Araras, Leme, Conchal e, também, no Rio Grande do Sul — onde o GCM do interior paulista foi preso, com apoio da Polícia Civil gaúcha.
O objetivo dos criminosos ligados ao CV, como mostram as investigações, era tentar assumir o controle da chamada “Rota Caipira”, usada para o transbordo de armas e, principalmente, da cocaína produzida na Bolívia e Colômbia.
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Além do assassinato de membros do PCC, o grupo ligado ao CV também está envolvido com roubos, tráfico de drogas e de armas, corrupção ativa e passiva e clonagem de veículos.
Os PMs e GCMs investigados, como consta em documento da Polícia Civil, estão “alinhados aos interesses expansionistas” da facção fluminense “a fim de alterar o domínio geocriminal da região, que é estratégica para o tráfico de armas e de drogas”.
A célula do CV também usa a região da Rota Caipira para encaminhar fuzis e material bélico em geral — roubados ou contrabandeados — para o Rio de Janeiro, onde são usados na “guerra travada por narcoterroristas da capital fluminense”.
Prefeitura e PM
A Prefeitura de Araras afirmou ao Metrópoles, por meio de nota, que os três GCMs foram afastados preventivamente de suas funções. O governo municipal acrescentou ter prestado apoio durante a Operação Hitman e disse seguir à disposição para colaborar com a investigação.
Também em nota, a PM afirmou que irá adotar medidas nas áreas criminal e administrativas disciplinares contra os PMs presos, “bem como em relação a outros policiais militares que eventualmente estejam envolvidos”.