Não foi nada muito radical, mas, na quarta geração, o novo BMW Série 1 chega com aperfeiçoamentos em pontos-chave, incluindo design mais esportivo, motorizações mais eficientes e suspensões retrabalhadas, para melhorar a estabilidade e o conforto. Resumidamente, a fábrica trabalhou nos fundamentos do carro, para que ele pudesse fazer melhor o seu trabalho.
Começando pelo exterior, a primeira característica é que o BMW Série 1 não seguiu a tendência da ampla grade que se espalhou pelos outros modelos da gama. No hatch compacto, chama atenção a grade menor e mais baixa do que em seus irmãos maiores, com aletas também na diagonal, e com o “rim” exibindo uma moldura iluminada.
As dimensões foram ligeiramente alteradas no comprimento (+4,2 cm, para 4,361 m) e em altura (+2,5 cm para 1,459 m). Largura e distância entre-eixos foram mantidas. Os faróis são de led e, opcionalmente, podem ser do tipo matriciais, ou seja, com uma matriz de diodos que permite um controle individual dos feixes de luz para melhorar a iluminação e evitar ofuscar os demais motoristas.
Na traseira, chama atenção o fato de as ponteiras de escape não serem visíveis (uma ponte para o futuro feito só de automóveis elétricos), exceto no caso da versão mais esportiva, M135, que exibe quatro ponteiras de escape, duas em cada extremidade, para sublinhar sua personalidade. Além de estrear novas cores, o Série 1 passa a dispor, pela primeira vez , de um teto negro brilhante, que contrasta com o tom restante da carroceria.
Interior tecnológico Por dentro, encontramos as duas telas digitais de efeito curvo que compõem a instrumentação (com 10,25”) e a central multimídia (10,7”), atualizada pela mais recente geração do sistema operacional OS9 e pela primeira vez (como no novo X3) a ser comandado pela nova geração do controlador iDrive.
Há conectividade sem fio para Apple CarPlay e Android Auto, e o Série 1 está apto a receber internet 5G. Opcionalmente, o modelo pode dispor de head-up display com recursos de realidade aumentada. A subscrição do BMW Digital Premium permite download de YouTube e Netflix, por exemplo.
Os gráficos são modernos e os menus relativamente intuitivos. Mas a instrumentação poderia ter mais possibilidades de personalização e, em determinados momentos, houve lentidão nas respostas.
A BMW fez um trabalho interessante para tornar as saídas de ventilação menos visíveis no painel, o que resulta num aspecto mais limpo e elegante. Sem mudanças no espaço interno, o Série 1 pode ser usado por quatro ocupantes com bastante comodidade, enquanto um quinto passageiro ficará mais apertado, tanto pelo fato de o banco ser mais estreito no centro como pela existência do volumoso túnel central. Na altura, para um passageiro com 1,80 m, cabem dois dedos entre a cabeça e o teto e sete dedos entre os joelhos e o banco dianteiro, onde não existem bolsas para guardar objetos.
Os porta-objetos nas quatro portas são amplos e compartimentados, mas sem nenhum tipo de revestimento interno (útil para evitar que objetos soltos produzam ruídos). O mesmo ocorre no porta-luvas, igualmente com acabamento de plástico duro, o que surpreende negativamente, em um automóvel de marca premium. Há saídas de ventilação para trás, mas sem opção de ajuste de temperatura.
O porta-malas manteve os 380 litros da geração anterior, e 300 l nas versões híbridas leves, devido à presença da pequena bateria.
A avaliação foi feita com o modelo híbrido leve (48 volts), que combina um motor 1.5 turbo de três cilindros a gasolina (156 cv/24,5 kgfm) e um pequeno motor elétrico (20 cv/5,6 kgfm). Juntos, geram 170 cv e 28,5 kgfm. O câmbio automático de dupla embreagem tem sete marchas. Na família, há ainda a versão M135 xDrive, 2.0 de 300 cv e tração integral, além de duas opções a diesel.
O chassi foi revisado. O aspecto mais relevante tem a ver com a adoção de amortecedores de frequência variável (pacote M Sport, que inclui ainda a suspensão rebaixada em 8 mm e a direção mais esportiva). Em situações de impactos mais fortes, eles têm válvulas que se abrem para permitir maior fluxo de óleo e obter maior nível de amortecimento e reação mais suave. Nas situações de asfalto regular, a resposta é mais firme, o que privilegia a estabilidade em condução esportiva.
Foco na dinâmica
Durante nossa avaliação, feita nos arredores de Munique, na Alemanha, evidenciamos o equilíbrio do chassi, que permite eficiência em curvas rápidas sem comprometimento do conforto sobre asfaltos irregulares, mesmo com pneus 225/45 R18.
O engenheiro Stephan Keller, responsável por Dinâmica de Condução, esclarece que “os amortecedores normais obrigam a encontrar o ponto certo de compromisso entre estabilidade e conforto, mas com os seletivos a válvula adicional pode abrir quando é atingida uma determinada frequência, permitindo o deslocamento máximo do curso do amortecedor”. Keller admite ainda que “houve algumas críticas à tendência para subesterço no Série 1 anterior, e que por isso foi aumentado o ângulo de cáster no eixo dianteiro, além da adoção de uma barra estabilizadora mais grossa no eixo traseiro”.
A direção é direta (2,4 voltas de batente a batente) e precisa, mas seria preferível um volante um pouco menor (tem 36 cm), levando-se em conta as dimensões do Série 1 e sua vocação moderadamente esportiva.
Pacote M inclui pinças de freios azuis
Entre os sete modos de condução, apenas três afetam a dinâmica: Efficiency, Personal e Sport. Este último permite ajustes de motorização (Comfort e Sport), dinâmica (Sport, Sport Plus e ESC off) e direção (Comfort e Sport). Outros quatro alteram funções como gestão do ar-condicionado e iluminação da cabine.
Por meio de uma borboleta do lado esquerdo do volante é possível acionar o modo Boost, que muda a configuração do motor para a opção mais esportiva e o câmbio para a função S durante 10 segundos, útil para ultrapassagens. O 120 faz 0 a 100 km/h em 7,8 s e chega a 226 km/h, mas agrada mesmo em baixos regimes, tanto pelo câmbio quanto pelo motor elétrico, que ajuda a dar um empurrão nas rotações iniciais.
Os freios responderam com prontidão e com pouca propensão à fadiga. Só em cargas de acelerador elevadas e a rotações acima de 4.000 rpm se percebe com mais nitidez que o motor é de três cilindros (com a habitual sonoridade ), mas, em termos de ruído, a fonte mais incômoda veio do vento contra os retrovisores.
O 120 chegou ao mercado europeu em outubro, partindo de 39.200 euros (R$ 243.824). No Brasil, a marca informa que ainda não há previsão de lançamento.
Veredicto Quatro Rodas
O Série 1 ganhou visual mais atual, novos recursos e motor híbrido, mais eficiente. Ou seja, o que era bom ficou melhor.
Ficha técnica – BMW 120
Preço: 39.200 euros (R$ 243.824)
Motor: híbrido, diant., transv., 3 cil., 12 V, injeção direta e indireta, turbo, 1.499 cm³, 156 cv a 4.700 rpm, 24,5 kgfm entre 1.500 e 4.400 rpm; elétrico 20 cv e 5,6 kgfm
Bateria: 0,96 kWh
Câmbio: autom. DSG, 7 m., tração dianteira
Direção: elétrica, diâmetro de giro, 11,7 m
Suspensão: McPherson (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 225/45 R18
Dimensões: compr., 436,1 cm; larg., 180 cm; alt., 145,9 cm; entre-eixos, 267 cm; peso, 1.425 kg; porta-malas, 300 l; tanque, 49 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 7,8 s; veloc. máx., 226 km/h
*Dados de fábrica