O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez críticas contundentes contra medidas que possam aumentar a carga tributária e defendeu reformas que visem o enxugamento das contas públicas.
Em discurso durante um evento com empresários no Guarujá, no litoral paulista, neste sábado (7/6), Motta afirmou que o modelo tributário do país privilegia gastos públicos, que não refletem em ganhos para os cidadãos.
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“A boa política começa no orçamento e não na propaganda”, disse Motta.
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou o aumento de impostos
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Antes da manifestação do presidente da Câmara, João Camargo, presidente do conselho do Grupo Esfera, organizador do evento, disse que “Hugo Motta fará um discurso histórico”.
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É a primeira vez que Motta comenta publicamente o assunto desde que o governo federal anunciou que iria aumentar o IOF, mas recuou após a repercussão negativa da medida. Segundo Motta, o país vive “um modelo fiscal que transfere os problemas para o futuro”. Ele disse, ainda, que o momento é uma “encruzilhada” para o futuro do Brasil.
Veja a íntegra de seu discurso:
Senhoras e senhores,
Não estamos reunidos aqui apenas para fazer uma reflexão sobre os rumos da economia brasileira.
Estamos aqui porque chegamos a um ponto de inflexão.
Estamos em uma encruzilhada. E chegou a hora de decidir o nosso destino.
Essa é um desses raros momentos em que o país precisa escolher entre adiar o inevitável ou enfrentar o inadiável.
Nossa economia é moderna, sólida, tem bases fortes e instituições consolidadas.
Ainda assim estamos carregando um fardo e estamos aprisionados pelos interesses de poucos em detrimento de muitos.
Presos a um modelo de Estado que gasta muito, entrega pouco e cobra cada vez mais de quem produz.
Temos uma máquina pública que engorda, enquanto o cidadão emagrece. E isso não é justo.
O atual modelo de Estado virou uma espécie de grande costureira.
A cada crise é um novo remendo no cobertor. Só que o fio está acabando.
E se nada for feito, essa costureira morre — e leva o país junto.
Temos um modelo fiscal que, ao invés de organizar o presente, transfere angústias para o futuro.
Isso não é apenas ineficiência.
Isso é injustiça.
Porque a conta — sempre ela — cai no colo do mais fraco.
O brasileiro já apertou demais o cinto.
Não é razoável que o Estado siga aumentando a própria barriga.
É preciso dizer com todas as letras: não há justiça social com irresponsabilidade fiscal.
Não há crescimento com improviso.
E não há futuro possível para um país que insiste em empurrar a conta adiante, esperando que ela se resolva por mágica ou discurso.
O Brasil precisa de coragem.
Coragem, sobretudo, para entender que a boa política começa no orçamento — e não na propaganda.
Na Câmara dos Deputados, sob nossa presidência, iniciamos uma discussão inadiável: a Reforma Administrativa do Estado.
Uma reforma que não é contra o serviço público — é a favor do Brasil.
Porque nós acreditamos que o Estado precisa andar na velocidade da sociedade.
E hoje, ele atrasa. Ele trava. Ele custa mais do que entrega.
É hora de modernizar a máquina pública.
É hora de abandonar a lógica da acomodação — e abraçar a lógica da transformação.
A história é feita de momentos em que as nações param… e escolhem. Não entre esquerda ou direita. Mas entre a ilusão e a responsabilidade.
É essa escolha que está diante de nós. E todos nós aqui reunidos temos a responsabilidade de fazer esta escolha!
Porque o que está em jogo não é um número na planilha.
É a liberdade do país para decidir o seu rumo.
Porque quem não controla suas contas, perde o direito de escolher seus sonhos.
Por isso, recebo com muita alegria o movimento “É da nossa conta”, meu amigo João!
Porque o orçamento é público. E o problema também.
Se queremos um Brasil competitivo, justo e sustentável, precisamos fazer agora o que foi adiado por tempo demais.
E isso exige liderança.
Não para se impor — mas para construir.
Não para brigar — mas para reconciliar o país com a verdade.
Senhoras e senhores,
o tempo da coragem chegou.
É da nossa conta organizar o presente.
É da nossa conta preparar o futuro.
E o futuro começa agora.
Conto com o apoio de todos vocês para organizar o presente e decolar para o futuro!
Encontro com Lula
Na terça-feira (3/6), Motta se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Senado, David Alcolumbre (União Brasil-AP), além da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). Eles discutiram medidas de revisão ao aumento do IOF.
O plano de revisão voltará a ser debatido no início da noite deste domingo (8/6), em uma reunião com os líderes do Congresso, organizada por Alcolumbre. Após o encontro, há expectativa para um anúncio