São Paulo — O turco naturalizado brasileiro Mustafa Goktepe, preso pela Polícia Federal (PF) a pedido do governo de Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, na última quarta-feira (30/4), é dono de uma rede de restaurantes e já deu aula de língua e cultura do país de origem na Universidade de São Paulo (USP) como professor visitante.
Goktepe tem 47 anos, sendo os últimos 20 vivendo no Brasil, e é naturalizado brasileiro desde 2012. Ele é casado com uma brasileira e tem duas filhas nascidas no Brasil. Durante o período no país, o turco-brasileiro abriu uma rede de restaurantes com três sedes na cidade de São Paulo, sendo uma na Bela Vista, região central, uma no bairro do Brooklin, na zona sul, e outra no bairro da Mooca, zona leste paulistana. A franquia de restaurantes é focada na gastronomia turca.
O empresário é fundador do Centro Cultural Brasil Turquia (CCBT) e é presidente do Instituto Pelo Diálogo Intercultural. Ele também deu aulas de língua e cultura turca, e civilização turco-islâmica na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. além de coordenar duas escolas na capital paulista.
Prisão
- Mustafa Goktepe foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã da última quarta-feira (30/4), após o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar a prisão cautelar como parte de um processo de extradição.
- O pedido da prisão foi feito pelo governo da Turquia, liderado por Recep Tayyip Erdogan.
- Goktepe é acusado de terrorismo pelas autoridades turcas. Ele faz parte do movimento armado Hizmet, fundado por Muhammed Fethullah Gülen. A organização foi responsável por uma tentativa de golpe de Estado em 2016.
O que diz a defesa do turco Mustafa Goktepe
A defesa de Mustafa Goktepe classifica a medida como uma “violência” motivada por razões ideológicas. “Esse é mais um capítulo da triste história do autoritarismo do governo turco, que tenta usar ilegalmente os processos de extradição como instrumento de perseguição política extraterritorial, para submeter pessoas aos seus tribunais de exceção e a graves violações de direitos fundamentais”, disse o advogado Beto Vasconcelos, ex-secretário Nacional de Justiça.
O representante jurídico ainda argumentou que o turco-brasileiro é “conhecido pela defesa da democracia, tolerância política e religiosa”.
Trata-se do terceiro pedido de extradição da gestão da Turquia contra membros do movimento Hizmet no Brasil. Os outros dois foram negados de forma unânime pela Corte.
“Tenho confiança de que, assim que o STF receber nossas informações, revogará a prisão e negará a extradição”, completou Beto Vasconcelos.