Quem conhece José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, sabe que seu estilo de vida sempre foi sinônimo de simplicidade. Morando em uma chácara modesta e dirigindo um fusca azul, Mujica virou referência mundial por abrir mão dos luxos da política. Mas poucos elementos traduzem tão bem essa escolha quanto a figura de Manuela, sua cadela de três patas, atropelada acidentalmente por ele mesmo, tornou-se companheira inseparável por mais de uma década.
Mujica morreu nesta terça-feira (13/5) devido a um câncer de esôfago. Agora, o uruguaio enfim reencontra sua melhor amiga, para descansarem em paz.





Pepe Mujica e a cadelinha Manuela
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Manuela
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Mujica em passeio com Manuela
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Mujica e Manuela na residência do ex-presidente no Uruguai
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Pepe Mujica passeia com Manuela em seu icônico Fusca azul claro
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Mujica brinca com Manuela
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Mujica faz carinho em Manuela
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Ela chegou na vida do casal Mujica e Lúcia Topolansky por meio da irmã de Lúcia. “É uma espécie de marca de cachorro”, brincou a ex-senadora ao se referir ao animal, na época já idoso, curioso e inseparável da rotina do casal.
A relação entre os três era tão forte que, segundo Lúcia, Manuela sabia de cor os movimentos dos donos. “Sempre que Mujica ficava ausente por um tempo, dava para ver que ela sentia a falta dele”, contou.
Um exemplo disso foi em 2005, quando Mujica, então ministro da Pecuária, ficou hospitalizado por um mês.
“Quando eu voltava da visita, ela me esperava no carro. O que ela esperava? Que o Pepe saísse”.
Mujica deseja ser enterrado ao lado de Manuela
Mesmo com somente três patas, a marca registrada de Manuela era correr pela chácara do casal em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu. O ex-presidente costumava dar entrevistas com a cadela latindo ao fundo ou deitada ao seu lado, compondo de forma singela e simbólica o retrato de uma vida dedicada à simplicidade.
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Em junho de 2018, aos 22 anos, Manuela partiu, deixando para trás, um homem frágil e saudoso. O luto foi profundo. Mujica chegou a mencionar a falta da cadela como um dos motivos emocionais que o levaram a renunciar ao Senado naquele ano.
“Há o tempo de chegar e partir, o tempo não perdoa nem as pedras. Vou confessar para você, sabe quando tomei minha decisão? Quando Manuela morreu. Ainda sinto sua falta”, declarou.
Agora, deverá ser realizado o desejo do ícone da esquerda de repousar ao lado da cadela que o acompanhou por tantos anos.
O carinho por Manuela era tão grande que ela foi enterrada na própria chácara da família, onde viveu por toda a sua vida. Mais do que um animal de estimação, a cadelinha foi memória viva da filosofia de Mujica. Um homem que fez da política uma extensão da sua humanidade, e cuja cadela virou símbolo de afeto, lealdade e da beleza que existe nas relações.