Na última terça-feira (10/6), o embaixador e a embaixatriz da Áustria, Stefan e Angelika Scholz, abriram as portas da residência oficial para uma tarde comemorativa, na presença de autoridades e representantes de países como Hungria, Eslovênia, República Tcheca, Eslováquia e Croácia. A ocasião celebrou o bicentenário do reconhecimento da independência brasileira e do estabelecimento das relações diplomáticas plenas da Europa Central com o Brasil.
Durante o encontro, o embaixador Stefan Scholz iniciou seu discurso lamentando o ataque a tiros em uma escola na cidade de Graz, ocorrido no mesmo dia, no qual 11 crianças perderam a vida. “A manifestação de solidariedade por parte do governo brasileiro e de inúmeros outros entre vocês — e ao redor do mundo — é digna do reconhecimento”, mencionou.
Em seguida, o anfitrião enfatizou que a data de 15 de novembro de 1825 é lembrada pela promulgação do projeto da descolonização “mais significativa da história da humanidade”. “Esse evento marcou um fim de 325 anos de determinação externa”, afirmou.
“A consolidação da soberania e independência do Brasil foi influenciada por três fatores: a Declaração da Independência, em 1822, a perseverança bem-sucedida das Forças Continentais na Guerra da Independência e, por fim, as estruturas básicas de governança implantadas”, declarou o diplomata.
“Em 1825, a única questão pendente a ser abordada era a busca por reconhecimento internacional. O passo final foi dado 45 dias depois, em 30 de dezembro de 1825, quando o antigo Estado multiétnico da Europa Central reconheceu a independência do Brasil”, continuou Scholz.
O embaixador da Áustria ainda destacou que o impacto duradouro da descolonização brasileira ficou claro 120 anos depois, quando vários países da África, da Ásia, do Caribe e do Pacífico conquistaram sua independência.
Durante o enunciado, Stefan Scholz reforçou a influência da Europa Central na identidade nacional do Brasil até os dias de hoje. “Em 1817, chegaram ao país naturalistas, artistas e cientistas que faziam parte da grande expedição científica que permaneceu no país durante 17 anos. Depois disso, houve as contribuições para a música”, exemplificou.
“Nossa evolução jurídica influenciou a construção do ordenamento jurídico brasileiro. Esse movimento foi mais perceptível no Direito Civil e a concepção constitucional monárquica. Centenas de milhares de imigrantes de nossos países trouxeram não apenas conhecimentos agrícolas, mas também artesanato e, acima de tudo, tradições culturais”, acrescentou.
Chefe da divisão de Europa Central e Oriental, Danilo Teofilo Costa também discursou sobre os 200 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a Áustria. “Em dois séculos da história diplomática compartilhada, mudanças profundas impactaram nossos países. Travamos nossos primeiros contatos como monarquias, mas hoje somos repúblicas constitucionais”, disse.
“Compartilhamos valores fundamentais como democracia, direitos humanos e respeito ao meio ambiente, apesar dos desafios. Desde 1825, o mundo atravessou conflitos e revoluções, mas nossas relações permanecem sólidas. E, graças ao trabalho dos embaixadores aqui presentes, seguimos fortalecendo nossos laços no comércio, nos investimentos, mas nunca sem perder de vista a dimensão humana”, observou.
Confira os registros de Gustavo Lucena:
Márcia Hoffmann com a embaixatriz da Itália, Elsie Cortese; e Cristina Schöler
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