Se tivesse seguido seu planejamento original, a GWM teria completado um ano da produção de carros na fábrica de Iracemápolis (SP) – comprada da Mercedes-Benz em 2021 – na última semana. No entanto, o último ano foi tomado por ajustes na estratégia e implantação do novo maquinário na fábrica. Agora, o início da produção nacional da GWM é questão de tempo.
A fábrica ficará pronta em junho, mas a produção das primeiras unidades em pré-série poderá começar ainda neste mês, quando a unidade já tem 400 funcionários contratados. Desde já, a fábrica de Iracemápolis tem duas linhas de montagem prontas: uma para os SUVs Haval H6 e outra para modelos com chassi de longarinas, a picape Poer e o Haval H9. No entanto, estes últimos serão o segundo e o terceiro modelo, respectivamente, que serão fabricados ali.
A capacidade produtiva da fábrica da GWM em Iracemápolis será de 50.000 unidades por ano.
A GWM não confirma, mas o lançamento da Poer no início do segundo semestre poderá ser com unidades importadas. A produção nacional tende a começar na virada do ano e ao longo do primeiro semestre de 2026 será lançado o SUV H9. A picape terá versões a diesel e híbrida plug-in, enquanto o SUV compartilhará pelo menos uma destas mecânicas com a picape.
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Os primeiros GWM nacionais, porém, serão os Haval H6. Todas as quatro versões do SUV médio (HEV2, PHEV19, PHEV34 e GT) serão montadas no Brasil. O sucesso do modelo lhe garantiu a prioridade na produção nacional ante a picape, que, anos atrás, fora prometida como primeiro GWM nacional.

A GWM, inclusive, negocia com o governo brasileiro para que o presidente Lula se encontre com Jack Wey, fundador e chairman da GWM, na inauguração da fábrica, que poderá acontecer entre julho e agosto.

Neste primeiro momento, porém, nada mudará nas unidades nacionais do GWM Haval H6. Nem no visual, e nem na mecânica, que seguirá com o motor 1.5 turbo queimando apenas gasolina. As primeiras unidades flex deverão surgir no próximo ano com o lançamento da linha 2026, junto com uma reestilização do Haval H6 semelhante àquela que já estreou no mercado chinês.
Exportação a partir do Brasil
“No início, todas as peças serão da China, exceto os fluidos”, disse o Diretor de Assuntos Institucionais da GWM, Ricardo Bastos, em entrevista após o Salão de Xangai. De acordo com o executivo, o SUV já está dentro das exigências do programa MoVer e muitas das peças já estão com seu regime tributário definido. Os impostos de importação de cada peça variam entre 2% a 18%, caso das baterias.
O planejamento da GWM projeta uma localização gradual. A GWM planeja, inclusive, montar as baterias no Brasil para reduzir o imposto pago e também terá componentes fabricados no Brasil, ou conjuntos montados no Brasil com componentes importados por seus fornecedores.
Essa nacionalização gradual tem segundas intenções. Apenas quando os GWM montados em Iracemápolis tiverem pelo menos 35% dos componentes fabricados no Brasil é que eles poderão ser exportados para os países do Mercosul, Argentina, Paraguai e Uruguai, com tributação diferenciada. E as configurações mecânicas definidas exclusivamente para o Brasil lá em março de 2023 ainda são muito cobiçados nos países vizinhos por serem mais potentes.
Desafios com a marca GWM
A GWM está dando um passo atrás no posicionamento das suas submarcas a nível global. Lá fora, a empresa tratava as linhas Haval, Ora, Wey e Tank como marcas independentes, mas isso está mudando. Os Haval H6 2025 e Ora 03 2026 já chegaram ao Brasil com o logotipo “GWM” em destaque na tampa do porta-malas, onde antes estava o nome de cada submarca.


Essa mudança, que dá destaque à GWM, foi definida a nível global mas pode ser providencial para o Brasil. O sucesso dos Haval H6 fez o nome “Haval” ser mais notado nas ruas do que o discreto “GWM” no canto inferior direito na tampa do porta-malas, com o mesmo status de um adesivo de concessionária.
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Isso será especialmente importante neste ano, com a expansão da linha. A linha Tank acaba de estrear com o Tank 300 e os Tank 400 e 700 estão confirmados para o ano que vem. Em agosto chega o Wey 07, primeiro carro da linha de produtos mais luxuosos da GWM. Todos eles são híbridos e não há qualquer carro elétrico nos planos futuros da GWM para o Brasil.

Questionado por QUATRO RODAS sobre a possibilidade de lançar um novo carro elétrico no Brasil, seja na linha Ora ou na linha Haval, o CEO da GWM para o Brasil e México, Andy Zhang, negou. Para o executivo, as dimensões continentais do País combinada à infraestrutura de carregamento atual, fazem com que os híbridos plug-in sejam o máximo de eletrificação que a empresa planeja explorar.
Mesmo na China, todos os carros elétricos da GWM estão restritos à linha Ora e todos são hatches ou sedãs. De qualquer forma, não há planos para vender outro carro da linha Ora no Brasil além do Ora 03. O foco estará, mesmo, nos híbridos.