
Apesar da valorização recente do IFIX, que acumula alta de 9,5% em 2025, os fundos imobiliários ainda oferecem oportunidades para quem busca montar uma carteira com bom potencial de valorização. Segmentos como shoppings e fundos de recebíveis seguem negociando com descontos relevantes frente ao valor patrimonial, apontam gestores e analistas.
De acordo com Bruno Nardo, sócio da RBR Asset e responsável pela área de Ativos Líquidos e Multiestratégia da gestora, o atual patamar de preços continua vantajoso para quem pensa no médio e longo prazo. “Atualmente, ainda é possível comprar cotas de fundos de shopping com desconto médio entre 10% e 20% frente ao valor patrimonial. É um ótimo ponto de entrada para investidores que buscam valorização”, afirma.

Para o curto prazo, Nardo comenta o bom momento dos fundos de papel, principalmente os que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). “Os fundos de CRI continuam a se beneficiar de um ambiente de juros e inflação elevados, oferecendo ótimo risco x retorno”, explica.

Raul Grego, portfólio manager da Trix Investimentos, também reforça que os fundos de shopping centers e dos segmentos de papel — como recebíveis e fundos de fundos (FoFs) — são hoje os mais atrativos do mercado. “A maioria dos segmentos ainda está com desconto. Mesmo com a alta recente do IFIX, ele ainda negocia com um múltiplo de 0,90 vez o valor patrimonial e dividend yield próximo de 11%”, aponta.
A perspectiva de recuperação das cotas é compartilhada por ambos os gestores. “Vemos possibilidade de buscar ganho de capital numa recuperação de mercado, conforme ocorra a queda dos juros mais à frente”, diz Nardo. Grego concorda: “Acreditamos que o ciclo ainda está no começo e há bastante espaço para recuperação”.
Um estudo realizado pelo InfoMoney, com base em dados da plataforma Economatica, analisou o desempenho dos fundos imobiliários e listou 10 FIIs do Ifix que aliam retorno positivo nos últimos 24 meses e negociação com desconto em relação ao valor patrimonial — uma combinação que pode chamar a atenção de investidores atentos à assimetria entre preço e valor. Confira:
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Nome | Código | P/VPA | Retorno em dois anos |
BRPR Corporate Offices | BROF11 | 0,4 | 6,77% |
BTG Pactual Shoppings | BPML11 | 0,6 | 83,37% |
JS Real Estate Multigestão | JSRE11 | 0,6 | 1,91% |
Rio Bravo Renda Corporativa | RCBR11 | 0,6 | 21,04% |
RBR Properties FII | RBRP11 | 0,7 | 18,42% |
Green Towers | GTWR11 | 0,7 | 12,07% |
Pátria Escritórios | HGRE11 | 0,7 | 5,48% |
RBR Log | RBRL11 | 0,7 | 16,51% |
Banestes Recebíveis Imobiliários | BCRI11 | 0,8 | 22,24% |
RBR Plus Multiestratégia Real Estate | RBRX11 | 0,8 | 20,78% |
Fonte: Economatica (12/05/25)
O P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial por Ação) mostra quanto o investidor paga, no mercado, por cada R$ 1 de patrimônio líquido de uma empresa ou fundo. Ele é calculado dividindo o preço da ação ou cota pelo valor patrimonial. Um P/VPA acima de 1 indica que o ativo está sendo negociado com ágio; abaixo de 1, com desconto.
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Patamar atual da Selic já era esperado
A alta recente da Selic, embora já esperada pelo mercado, não muda essa visão. “O investidor deve se posicionar, pois há chances de o ciclo de alta estar no fim. A expectativa agora é quando começará o ciclo de cortes”, avalia Grego.
Na hora de montar uma carteira, os especialistas recomendam atenção à qualidade da gestão e à diversificação. “Combinar fundos de CRI, que oferecem renda mais estável, com fundos de tijolo, focados na valorização, é uma boa estratégia”, diz Nardo.
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