Trens do metrô do Distrito Federal sofreram dezenas de falhas que interromperam por algum momento a circulação de trens neste ano.
A Companhia do Metropolitano (Metrô-DF), responsável pela operação, registrou 48 incidentes notáveis de janeiro a abril de 2025.

Metrópoles traz dados de 2020 a 2025 quanto à operação da companhia
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Estação Águas Claras
Vinícius Schmidt/Metrópoles (@vinicius.foto)
Metrô-DF registrou 48 falhas de janeiro a abril de 2025
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Números vêm aumentando ano a ano
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Número de vezes em que estações tiveram de ser fechadas também aumentou
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Companhia afirma que falhas atingem a circulação em apenas 0,06% do tempo
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Falhas constantes atrapalham experiência da população
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Funcionários realizam manutenções diárias
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Segundo a própria companhia, incidentes notáveis são ocorrências que impactam o funcionamento do sistema por mais de 15 minutos em horário de pico ou por mais de 20 minutos em horários normais. Os registros se dividem entre causas internas e externas.
De janeiro a abril de 2025, o Metrô-DF somou 25 incidentes notáveis por causas internas e 23 por causas externas. Ou seja, em 120 dias, foram registradas 48 falhas que impactaram a circulação de trens.
Todas essas interrupções em quatro meses já ultrapassam as falhas somadas em todo o ano de 2020, quando houve 41 incidentes que causaram paralisações.
Os números abaixo mostram que, ano após ano, o Metrô-DF registra cada vez mais falhas. Veja no gráfico:
Segundo a Companhia do Metropolitano, as falhas podem ter inúmeras causas, “considerando que um trem possui mais de 2 mil componentes”.
Os problemas podem surgir, portanto, nas portas, no sistema de ar comprimido, no motor, nos sistemas que controlam a movimentação dos trens, dentre outros.
“Entre as causas externas que obrigam o recolhimento dos trens estão as chuvas com alagamento, que indisponibilizaram a circulação de um trem em 2024, e de dois trens em 2025”, aponta o Metrô-DF.
Estações fechadas e serviço suspenso
Considerando o mesmo período (2020-2025), o número de vezes em que uma ou mais estações tiveram de ser fechadas também vem aumentando ano a ano.
Em 2020, o Metrô-DF foi obrigado a fechar uma ou mais estações por conta de incidentes uma só vez. Já em 2024, os terminais tiveram de ser fechados cinco vezes.
Confira:
Outro índice que registra alta é o de paralisação total do serviço para manutenção de trens. Em 2020 e 2021, o Metrô-DF não suspendeu a circulação por conta própria em nenhum momento.
Já a partir de 2022, a companhia passou a paralisar o trânsito dos vagões pelo menos uma vez, geralmente aos domingos.
Em 2025, já houve uma paralisação completa. Foi em 13 de abril, quando técnicos do Metrô-DF e da Neoenergia Brasília realizaram manutenções nas vias e na rede elétrica do sistema.
Veja:
Episódios notáveis
A falha mais recente noticiada ocorreu no último dia 12, quando a circulação foi parcialmente interrompida às 6h09 e normalizada às 6h27. Naquele momento, os trens só iam até a Estação Furnas, em Samambaia.
Sete dias antes, uma falha nos freios de um trem gerou fumaça e cheiro de queimado na estação Águas Claras, e os passageiros tiveram de descer, por volta das 7h20.
Horas depois, às 15h42, houve interferência no sistema de energia entre as estações Terminal Samambaia e Samambaia Sul, interrompendo a circulação naquele trecho até as 16h19.
Situações mais graves ocorreram em 2024, quando, em seis meses, dois trens pegaram fogo. O caso levou o Metrô-DF a adotar um novo procedimento de manutenção para os trens mais antigos. Na ocasião, ninguém se feriu.
Nova diretoria e aumento salarial
Em meio à alta de falhas e manutenções, o Metrô-DF criou, no início do mês, um novo setor na companhia. A Diretoria de Planejamento terá 46 cargos comissionados, ao custo de R$ 6,4 milhões em 2025, R$ 9 milhões em 2026 e R$ 9,5 milhões em 2027.
A nova diretoria será responsável por “coordenar áreas essenciais, como estudos, planejamento estratégico e institucional, inovação tecnológica, meio ambiente e sustentabilidade”.
A pasta deve atuar na expansão do sistema metroviário e no aumento das operações com as obras em andamento para ampliação das linhas em Samambaia e Ceilândia.
Será a sexta diretoria do Metrô-DF, que já conta com:
- Diretor-presidente: Handerson Cabral Ribeiro.
- Diretor técnico: Fernando Jorge Rodrigues.
- Diretor de Operação e Manutenção: Márcio Guimarães de Aquino.
- Diretora de Administração: Flávia Carneiro de Oliveira (interina).
- Diretora Financeira e Comercial: Flávia Carneiro de Oliveira.
O Metrô-DF também aprovou, em abril, reajuste salarial de 6% para os servidores do órgão. O novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), válido de 2025 a 2027, também concede aumento de 33,55% sobre o valor do auxilio-alimentação e do ressarcimento plano de saúde.
Os novos valores consideram as perdas inflacionárias de 2024 e a ausência de reajuste do auxílio-alimentação e do plano de saúde nos últimos cinco anos.
Respostas
Em resposta ao Metrópoles, a Companhia do Metropolitano aponta que, apesar das 48 falhas em quatro meses, a empresa registra um incidente desta natureza a cada 1,5 mil viagens realizadas.
“Para se ter uma ideia, no ano de 2024, foram realizadas cerca de 109 mil viagens e um total de 68 incidentes notáveis, impactando apenas 0,06% das viagens”, ressalta o órgão.
O Metrô-DF também reforça que faz manutenções preventivas diárias e que “o serviço pode ser suspenso por um dia por necessidade de realizar uma manutenção que seja incompatível com o funcionamento do sistema ou que exija um tempo de realização superior ao disponível durante a janela de manutenção noturna”.
De acordo com a empresa, “são manutenções que visam melhorar a eficiência dos serviços e para garantir a segurança dos usuários que utilizam o transporte público do Distrito Federal”.