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Gás, internet e medo: conheça o império das milícias no Rio de Janeiro

Nas vielas onde o Estado não consegue controlar, impera uma ordem que não se baseia em leis, mas em ameaças. As milícias, grupos paramilitares formados por ex-agentes de segurança e criminosos comuns, expandiram suas fronteiras no Rio de Janeiro a ponto de se tornarem um poder paralelo. Dados recentes de instituições como o Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni/UFF) revelam a dimensão e a sofisticação desse fenômeno, que impacta a vida de milhões de cariocas.

A expansão territorial das milícias é um dos aspectos mais preocupantes. Em 16 anos, a área sob controle de grupos armados no Grande Rio dobrou, com as milícias triplicando seu domínio territorial em um crescimento de 204,6% desde 2008.

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Embora o ano de 2023 tenha registrado uma redução de 19,3% no território miliciano, com o Comando Vermelho (CV) superando-as em áreas controladas na Região Metropolitana (51,9% do CV contra 38,9% das milícias), na capital fluminense, as milícias ainda detêm a maior fatia do controle, influenciando 66,2% das áreas dominadas por grupos armados em 2023.

Em 2022, esses grupos já controlavam 57,5% da superfície territorial da cidade do Rio de Janeiro, afetando diretamente 2,17 milhões de pessoas, o equivalente a 33,1% da população carioca. Na Região Metropolitana, a população sob influência miliciana chegava a 3,6 milhões de pessoas.

A lógica empresarial do crime

O poder das milícias transcende a violência, operando com uma lógica empresarial que explora a ausência do Estado e a necessidade da população. Eles impõem monopólios sobre serviços essenciais e cobram taxas de “segurança” e “conveniência”.

O sobrepreço no botijão de gás, por exemplo, pode variar entre 10,31% e 18,19% em áreas sob seu domínio. Além do gás, controlam o transporte alternativo, a distribuição de água, eletricidade, microempréstimos, e oferecem serviços clandestinos de internet e TV a cabo, conhecidos como “gatonet”.

Em Rio das Pedras, berço histórico desses grupos, a arrecadação diária pode atingir R$ 169,5 mil, somando mais de R$ 60 milhões anuais, enquanto os serviços ilegais de TV e internet geram mais de R$ 1 milhão por ano.

A atuação desses grupos também se estende ao mercado imobiliário, com o fenômeno do “urbanismo miliciano”, onde grilam terras públicas e constroem loteamentos irregulares, especialmente na Zona Oeste. Essa prática resulta em moradias precárias e desabamentos, como o ocorrido em Muzema em 2019 e em Rio das Pedras em 2021, que causaram mortes.

Medo e conexões políticas

A imposição da “política do medo” é uma ferramenta crucial de controle. Toques de recolher, listas negras e ameaças são parte do cotidiano de moradores que vivem sob a vigilância constante desses grupos.

A diferença para o tráfico, como aponta um ex-PM que atuou na Zona Oeste, é tênue: “A diferença entre eles e o tráfico é só a farda que alguns já vestiram”. Milicianos controlam até mesmo associações de moradores e igrejas locais, em nome de uma suposta “ordem”.

A gravidade do cenário é acentuada pelos laços profundos entre as milícias e setores políticos e empresariais. Investigações, como a do assassinato da vereadora Marielle Franco, expuseram uma intrincada rede de proteção institucional que permite a esses grupos agirem com mais facilidade.

Cenário de conflito

Apesar da crescente complexidade e do impacto das milícias, o combate a esses grupos ainda é desproporcional. Estatísticas mostram que as operações policiais são significativamente menos frequentes em áreas dominadas por milicianos.

Entre 2017 e 2023, 70% das áreas de tráfico registraram confrontos policiais, enquanto apenas 31,6% das áreas de milícia tiveram essa ocorrência. A polícia esteve envolvida em 4 de cada 10 tiroteios em áreas de tráfico, mas em apenas 4 de cada 100 em territórios milicianos.

A morte e prisão de líderes milicianos, como Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, em 2021 e Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, em 2023, geraram vácuos de poder e intensificaram disputas internas, resultando em um aumento de 44% nos homicídios na Zona Oeste em 2023.

Ataques coordenados, como a queima de dezenas de ônibus em outubro de 2023, demonstram a capacidade das milícias de paralisar regiões inteiras, mantendo milhões de pessoas reféns.

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