O governo federal emitiu uma nota, nesta quinta-feira (12/6), sobre a volta ao Brasil do ativista brasiliense detido pelo Estado de Israel enquanto ia para Gaza. Thiago Ávila foi deportado, por decisão da Justiça israelense, e colocado em um voo com destino ao país de origem.
O Palácio Itamaraty confirmou, “com satisfação”, a volta de Thiago ao Brasil. “Desde a interceptação do veleiro Madleen por forças israelenses, na madrugada de 9/6, em águas internacionais entre as costas da Palestina e do Egito, o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv [em Israel], atuou de modo a garantir a segurança e a integridade física do brasileiro”, informou o órgão, em nota.
Thiago embarcou no veleiro Madleen para Gaza ao lado de outros ativistas, como a ambientalista sueca Greta Thunberg, 22 anos. O objetivo era levar ajuda humanitária para a população palestina. Além do brasileiro, outras sete pessoas foram mantidas em Israel por se recusarem a assinar o documento necessário à deportação.
“Após três dias detido em Israel, o brasileiro embarcou, nesta quinta-feira (12/6), às 16h05 da hora local, em voo comercial com destino a Madri [na Espanha], de onde deverá embarcar em voo de conexão para o Brasil”, completou o ministério. Na mesma nota, o governo federal apelou pelo fim dos ataques contra a população de Gaza.
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“No contexto da gravíssima situação de calamidade humanitária na Palestina ocupada, e em especial na Faixa de Gaza, cuja população sofre com fome e desnutrição generalizadas decorrentes do bloqueio imposto por Israel, o Brasil insta o governo israelense a permitir o acesso imediato e sem restrições de alimentos e itens básicos de subsistência na Faixa de Gaza, em linha com as obrigações impostas pelo direito internacional humanitário. O Brasil apela, por fim, à cessação imediata dos ataques contra a população de Gaza e recorda a necessidade de pleno respeito às resoluções das Nações Unidas que exigem o fim da ocupação do Território Palestino.”
Bloqueio à Palestina
- Após impedir, por mais de dois meses, a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recuou e suspendeu o bloqueio à Palestina, em 19 de maio último.
- A medida, segundo as autoridades israelenses, visava pressionar o grupo extremista Hamas a entregar o restante dos reféns que estavam em Gaza.
- A medida agravou a crise humanitária na região e fez com que aumentasse a pressão internacional contra Netanyahu.
Quem é Thiago Ávila
O brasiliense de 38 anos era um dos integrantes da Coalizão Flotilha da Liberdade, cujo objetivo é levar ajuda humanitária à Palestina.
Ele começou a jornada como ativista em 2005 e já esteve no Líbano, onde mostrou, em fevereiro último, como as cidades do país ficaram após ataques de Israel.
Ávila também compartilha nas mídias sociais relatos sobre os projetos dos quais participa e mostra a realidade de regiões em contexto de guerra.
Em 2024, o ativista compareceu ao velório do líder do grupo Hezbollah, Seyyed Hassan Nasrallah, e participou de uma conferência internacional em Teerã, capital do Irã, onde prestou condolências aos iranianos e ao país pelo falecimento do então presidente, Ebrahim Raisi, em maio passado.
Ainda naquele ano, Ávila deixou a esposa e a filha, de 7 meses à época, para viajar com outros ativistas em um barco até Gaza, também para levar ajuda humanitária à região. Contudo, novamente, a missão não pôde ser concluída.