A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) desclassificou uma empresa que integra um consórcio em Salvador (BA) formado pelo empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo e alvo de investigação da Polícia Federal (PF), em licitação para serviço de varrição de rua na capital paulista.
Conforme revelado pelo Metrópoles, a empresa Limp City faz parte do consórcio Ecosal, que atua no setor de limpeza urbana da capital baiana e tem como empresa parceira a MM Limpeza Urbana, que pertence à Moura.
Entenda o caso
- Em São Paulo, a Limp City fez a proposta de menor preço para um dos 11 lotes da licitação de varrição de rua da capital, voltado à limpeza nos bairros Ipiranga, Cidade Ademar e Jabaquara, na zona sul.
- A empresa ofertou R$ 9 milhões por mês, o que corresponde a um total de R$ 325 milhões ao longo de 36 meses de contrato.
- Ela foi desclassificada com base em um artigo do edital que prevê que “a proposta comercial deverá contemplar todos os requisitos necessários à integral execução do objeto licitado”.
- A empresa vencedora foi a FBF Construções e Serviços, com proposta de R$ 9,068 milhões.
Anteriormente, a Limp City afirmou ao Metrópoles que ofertou o “maior percentual de desconto dentre todos os demais lotes (18,82%), resultando em economia para a administração pública nos 36 meses previstos em relação as propostas apresentadas pelas demais concorrentes participantes do certame”.
A empresa afirma que dentre diversos contratos que possui, atendendo 1,7 milhão de habitantes, participa apenas de “um único consórcio na cidade de Salvador, juntamente com as empresas Jotagê Engenharia (empresa líder) e Torre Engenharia, além da MM Limpeza Urbana”. “Portanto, não existe nenhuma vinculação do consórcio acima com a contratação da varrição de São Paulo”, diz a empresa.
Contratos na Bahia
José Marcos de Moura faz parte da cúpula do União Brasil, partido que é alvo da Polícia Federal na Operação Overclean, sob suspeita de desvios de recursos de emendas parlamentares. Informações coletadas pela investigação apontam que o Rei do Lixo fez R$ 80 milhões em transações suspeitas.
Segundo informação enviada à PF pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), uma delas envolve um repasse de R$ 435 mil para uma pessoa com foro privilegiado, cuja identidade ainda não foi revelada — a investigação está em sigilo. A origem da transação nesse caso é a MM Limpeza, empresa de Moura.
Recentemente, o Metrópoles noticiou que a Limp City fechou contrato de R$ 50 milhões sem licitação para cuidar da limpeza urbana de Eunápolis, cidade de 100 mil habitantes localizada ao sul da Bahia, durante a gestão do União Brasil.