Autoridades americanas estão em dúvida se Full Self-Driving (FSD) da Tesla é realmente seguro. O motivo seria a maneira como ele funciona, baseando-se apenas em câmeras, ou seja, na visão. Logo, ele poderia estar sujeito às mesmas limitações que um ser humano.
Como base para a argumentação de que o FSD não é suficientemente seguro, os órgãos americanos têm um acidente fatal que ocorreu no Arizona, em novembro de 2023.
Na ocasião, Johna Story, de 71 anos, estava parada na estrada ajudando a parar o trânsito por conta de um outro acidente, quando o Tesla Model Y de Karl Stock colidiu com um veículo parado à sua direita, um Toyota 4Runner. O Toyota acabou atingindo fatalmente a idosa.
Imagens da câmera frontal do Model Y obtidas pela Bloomberg mostram o carro fazendo manobras estranhas antes do acidente. O sistema não reduz a velocidade, que era de aproximadamente 104 km/h, próximo ao congestionamento. Em seguida, o carro desvia para a esquerda e retorna para a direita, atingindo o 4Runner de Stock, que estava parado.
“Desculpe, tudo aconteceu tão rápido. Havia carros parados na minha frente e, quando os vi, não tinha para onde ir para evitá-los”, disse Karl na ocasião.
Mas há um detalhe crucial para a investigação nas imagens. O brilho do sol se pondo ofusca a câmera, algo que pode estar diretamente relacionado com uma possível falha no sistema.
O Full Self-Driving não é um sistema 100% autônomo e exige a supervisão do motorista. O relatório do acidente e nem mesmo Stock mencionam o uso do FDS, mas a Bloomberg relata que o motorista havia adquirido o serviço, vendido como um opcional, uma espécie de expansão para os recursos do sistema Autopilot.
Meses após o acidente no Arizona, outros acidentes envolvendo Teslas e o FSD aconteceram nos EUA: na Califórnia, Virgínia e Ohio. Em todos a visibilidade na estrada estava reduzida, seja pelo brilho do sol, neblina ou poeira no ar.

Os acidentes estimularam a NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration) a abrir investigações contra o sistema FSD da Tesla, baseado exclusivamente em câmeras. Se comparado aos carros autônomos da Waymo, por exemplo, os Tesla têm um terço dos sensores. Enquanto um Model 3 tem oito câmeras espalhadas ao redor do carro, os Jaguar I-Pace da empresa de robotáxi têm 14. Fora os outros seis radares e quatro lidares.
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Enquanto as câmeras são limitadas apenas à visão, os radares emitem ondas de rádio para detectar objetos. Já os lidares funcionam de maneira semelhante, mas usando laser para criar uma imagem 3D do ambiente ao redor do veículo. São mais eficientes, já que conseguem driblar as más condições de visibilidade e, por isso, são mais caros.
Mas nem isso os torna 100% seguros. A GM descontinuou o serviço de robotáxi Cruise, que contava com câmeras e radares, devido aos acidentes.

Enquanto a NHTSA pressiona Elon Musk, dono da Tesla, sobre a segurança do seu sistema, o empresário não recua e mantém os planos de criar seu próprio serviço de táxis autônomos.
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As primeiras unidades de teste já estão rodando em Austin, no Texas, e ainda este mês Musk irá expandir a operação. O CEO da Tesla também promete que a direção autônoma de nível 5 (sem interferência humana) chegará em breve aos seus veículos.