Com o anúncio do primeiro caso de gripe aviária registrado numa granja comercial do Brasil, começam a surgir as preocupações em torno do comportamento dos preços do frango e dos ovos no mercado brasileiro.
Na avaliação de André Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), as consequências vão depender da reação à doença.
“Ainda é cedo para avaliar o que pode acontecer, mas tudo depende de como o problema vai ser contido, das regiões que serão afetadas e quais providências serão tomadas”, diz o economista. “O importante é diminuir a probabilidade de gripe aviária se espalhar.”
Ainda assim, Braz considera a perspectiva dos preços sob dois cenários. No primeiro deles, as exportações de frangos e ovos diminuem como resultado do cancelamento de importações. Medidas desse tipo já foram anunciadas pela China, União Europeia, Argentina, Uruguai e Chile.
“Nesse caso, pode haver um excedente da produção das aves saudáveis, que permanecerá no mercado brasileiro”, diz. “Isso ajudaria a conter os preços, porque teríamos um aumento da oferta desses produtos no país.”
Segunda hipótese
Braz observa, contudo, que os “produtores são racionais”. “E o excesso de aves no mercado brasileiro pode provocar uma queda abrupta dos preços, o que não vai pagar os custos de produção dos animais”, afirma. “Nesse caso, a tendência é que a produção seja ajustada em função da nova realidade e isso pode fazer com que os preços subam.”
O economista acrescenta que a carne bovina subiu de preço recentemente e não será fácil para o consumidor migrar da carne de frango. “O ovo, cujo preço também aumentou bastante, pode subir ainda mais”, diz. “Esse pode ser um problema grave, que afeta as proteínas de menor valor no mercado (ovos e frango), muito populares no Brasil.”
Nos Estados Unidos, os preços dos ovos subiram de forma vertiginosa, depois da explosão da gripe aviária, que atingiu 170 milhões de aves e 783 granjas comerciais desde 2022. Os impactos da doença só começaram a diminuir recentemente. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indicam que houve a confirmação de três focos da doença em abril, contra 12 em março e 59 em fevereiro.