Após receber ordem de despejo da Prefeitura de São Paulo com prazo de 15 dias no último dia 28 de maio, o Teatro de Contêiner Mungunzá recebeu apoio de diversos grupos de teatro que assinam uma carta conjunta contra a ação. Representantes de mais de 40 teatros reivindicam que o espaço, localizado na Santa Ifigência no centro da capital, seja mantido.
A notificação extrajudicial da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) alega que o espaço que hoje é ocupado pelo teatro será transformado em moradia. Artistas do coletivo, por outro lado, defendem que o terreno está contribuindo para a cultura e formação social da sociedade e que outros prédios da região que foram reivindicados pela Prefeitura sob o mesmo argumento não foram destinados à população em vulnerabilidade.
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A carta em apoio à resistência do Teatro Contêiner é assinada por diversos grupos teatrais tradicionais, como o Oficina, o Bibi Ferreira, o Teatro Gazeta e outros. No documento, os grupos rechaçam o fechamento do local e defendem que o poder público estimule e proteja espaços culturais.
“Uma capital como São Paulo deveria instituir políticas de apoio e estímulo para teatros e espaços culturais. Jamais interromper um trabalho brilhante de formação de público, artistas e cidadania no centro. Instalado há quase uma década na Rua dos Gusmões, ao lado da Cracolândia, o Teatro de Contêiner Mungunzá não é apenas um vibrante espaço de espetáculos: é um símbolo de resistência, um território de acolhimento, um centro de cidadania no coração de uma das regiões mais estigmatizadas da capital”, diz o documento.
Na tarde dessa terça-feira (3/6), representantes do teatro tiveram uma reunião com a Secretaria Municipal de Cultura para, segundo a pasta, buscar soluções sobre novos espaços destinados ao Mungunzá. O coletivo afirma que foi oferecido um espaço na região da Sé, mas que “não contempla a estrutura atual do espaço”.
“Fechar o Teatro de Contêiner Mungunzá é inadmissível. O poder público deveria estimular os teatros, jamais despejar um espaço cultural vivo e pulsante. Por isso, exigimos que a Prefeitura de São Paulo cesse imediatamente qualquer ação de despejo ou remoção e reconheça o Teatro de Contêiner Mungunzá como patrimônio cultural e social da cidade”, declara a carta.
Cia. Mungunzá
A Companhia Mungunzá de Teatro, criada em 2008, é um dos grupos teatrais mais inovadores do cenário brasileiro. Desde 2016, ocupam o espaço na Rua dos Gusmões que, segundo o coletivo, estava em completo desuso.
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Espaço na rua Gusmões está sendo utilizado pela Cia. Mungunzá desde 2016
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Segundo artistas, a ordem extrajudicial foi entregue na manhã dessa quarta (28/5)
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Prefeitura de São Paulo alega que o espaço será transformado em moradia de população vulnerável
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Em fevereiro de 2025, Teatro Vento Livre foi demolido pela Prefeitura sob alegação de “uso irregular”
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O espaço foi montado em 11 contêineres marítimos e em quase uma década de atuação já foi indicado a prêmios nacionais e internacionais pela iniciativa.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que vem promovendo, desde o ano passado, reuniões com representantes do Teatro de Contêiner Mungunzá. A reunião da terça-feira, segundo a gestão, foi o quarto encontro deste ano para tratar de alternativas de um local para instalação do equipamento cultural.