O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve discutir com líderes partidários da Casa o processo de cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).
Segundo relatos feitos à CNN, Hugo tem recebido reclamações de parlamentares de centro e de esquerda de que a punição estabelecida pelo Conselho de Ética foi exagerada.
Por um placar de 13 a 05, o colegiado recomendou a perda de mandato do deputado de esquerda por ter agredido um representante do Movimento Brasil Livre (MBL), em 2024.
Agora cabe ao plenário da Câmara dos Deputados definir se o parlamentar será cassado. No histórico da Casa Legislativa, nunca houve cassação de mandato por agressão, apesar de ter havido episódios de tapas e socos.
Desde a recomendação de cassação, Glauber tem feito uma greve de fome na Câmara dos Deputados. E tem recebido visitas de autoridades e artistas, incluindo ministros petistas.
A avaliação de que a punição do parlamentar deve ser reduzida – no caso, para uma suspensão – não se restringe à esquerda. Dentro do Partido Liberal (PL), há congressistas que avaliam a cassação como exagerada, além de abrir um precedente perigoso.
O próprio líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse à CNN que a sua opinião pessoal é de que o ideal seria atribuir a penalidade de suspensão.
“É minha opinião pessoal, mas a minha bancada quer cassá-lo. E tenho que estar junto com a minha bancada”, disse à CNN.
Na próxima semana, a expectativa é de que a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, se reúna com Hugo Motta. O encontro tem como objetivo discutir a pauta governista, mas a punição ao parlamentar de esquerda deve ser mencionada.
Apesar da pressão para que a Presidência da República se envolva na defesa do congressista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se manter afastado da questão.
“Esse não é um assunto de governo. Ele é interno da Câmara dos Deputados, mas manifestamos nossa solidariedade ao Glauber Braga”, disse Gleisi à CNN.
O presidente da Câmara dos Deputados está em viagem ao exterior, mas tem enviado assessores legislativos para averiguar se o parlamentar enfrenta problemas de saúde devido à greve de fome.
Hugo também permitiu ao congressista de esquerda utilizar as dependências da Casa Legislativa durante o feriado.