O demissionário Carlos Lupi foi o responsável por trazer o escândalo de descontos irregulares na folha de pagamento de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para o colo do governo Lula (PT).
Como mostrou a coluna no último dia 27/4, o governo tentava se descolar da crise causada pela Operação Sem Desconto, mas esbarrava na incapacidade de explicar por qual motivo Lupi, o ministério da Previdência e a cúpula do INSS indicada por ele demorou tanto para suspender os descontos.
Embora os descontos existam desde 2019, sob Jair Bolsonaro (PL), foi entre 2023 e 2024 que o valores escalaram para os bilhões de reais ao mesmo tempo em que centenas de aposentados acionavam a Justiça para contestar a autorização para os débitos feitos por sindicatos e associações.
O Metrópoles começou a revelar os pormenores da farra do INSS em 27 de março de 2024. Desde então, Lupi poderia ter tomado medidas mais drásticas para evitar que os desvios continuassem, mas nada fez de forma efetiva.
Em julho de 2024, com o avanço das reportagens, o ministro até ensaiou fazer algo. Demitiu o diretor de Benefícios do INSS, Andre Fidelis – hoje sabemos que ele recebeu R$ 5,1 milhões de um lobista e de entidades sob suspeita.
Mas mesmo após a demissão de Fidelis os descontos continuaram e Lupi não fez nada.
Em setembro, foi a vez da Controladoria-Geral da União dar oportunidade para Lupi agir e deixar o governo Lula (PT) com os louros por encerrar o esquema.
A CGU encerrou uma auditoria confirmando as suspeitas levantadas pelas reportagens do Metrópoles, encaminhou ao INSS e sugeriu a suspensão dos descontos.
Lupi e o INSS, mais uma vez, nada fizeram.
O caso então adentrou na esfera criminal. A Polícia Federal, que também recebeu a mesma auditoria da CGU, passou a investigar o caso, reuniu todas as denúncias feitas nos estados e passou a seguir os caminhos indicados pelas reportagens do Metrópoles.
O resultado foi a operação Sem Desconto, deflagrada no último dia 23 de abril.
Mesmo com a apuração na rua, com mais de 200 mandados de busca sendo cumpridos e cinco diretores do INSS afastados, Lupi insistia em não fazer nada.
Na coletiva de imprensa chamada às pressas pelo governo no dia da operação, Lupi reforçou sua disposição em deixar a bomba estourar no colo do governo.
Questionado se demitira Alessandro Stefanutto, presidente do INSS e alvo da Sem Desconto, Lupi disse que não e argumentou que ele merecia ter o direito de se defender.
Horas depois, Lupi foi atropelado por Lula, que ordenou a demissão imediata como forma de espantar a crise que escala a cada minuto.
Nos dias seguintes, vieram as notícias sobre outros avisos recebidos por Lupi. Um deles durante reunião do Conselho Nacional da Previdência Social ainda em 2023.
Exposto, o agora ex-ministro tentou ajustar o discurso. Passou a dar entrevistas e dizer que sabia das suspeitas, mas que era difícil resolver do dia para a noite.
A demissão nesta sexta (2/5) mostra que não adiantou nada a mudança de discurso. Com a crise no colo do governo, a demissão de lupi passou a ser o único caminho para tentar evitar ainda mais problemas para o governo.
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