Mesmo com o maior rendimento médio mensal real domiciliar per capita do Brasil em 2024 (R$ 3.276), o Distrito Federal ainda está longe de ser exemplo em igualdade: além de liderar esse ranking, a capital da República carrega o título de unidade da Federação com maior concentração de renda do país, com base no índice de Gini.
IBGE: 1% dos mais ricos recebe 36 vezes mais do que os 40% mais pobres
Atrás do DF na lista dos maiores rendimentos médios mensais domiciliares por pessoa no país aparecem São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544). Os dados constam nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C): Rendimento de Todas as Fontes (2024), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nessa quinta-feira (8/5).
Os dados do IBGE levaram em consideração a média da renda recebida por mês e por pessoa, em valores corrigidos pela inflação e divididos pelo número total de moradores de um endereço, no caso do indicador domiciliares. Esse valor leva em conta não só a remuneração por trabalho, mas também benefícios sociais recebidos, aluguéis, aposentadoria ou pensão, entre outros.
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A Pnad 2024 revelou, ainda, que 48,6% da população do DF tem rendimentos habitualmente recebidos de todos os trabalhos – o resultado, inclusive, ficou 2 pontos percentuais abaixo do registrado no ano anterior. Além desse grupo, 22,7% contavam com algum tipo de renda oriunda de outras fontes – a maior taxa da série histórica do IBGE, iniciada em 2012.
Quando considerado o rendimento médio mensal habitualmente recebido em todos os trabalhos, um dos resultados apresentados pela Pnad 2024 é de que, no mercado de trabalho, os homens ganham, em média, 31% a mais do que as mulheres.
Se considerada a raça dos trabalhadores, a diferença é ainda mais gritante: os brancos recebem 80,7% a mais do que os pretos.
Rendimento médio mensal de todos os trabalhos*
- Média da população do Distrito Federal: R$ 5.043
- Homens: R$ 5.632
- Mulheres: R$ 4.295 (31,1% a menos que os homens)
- Brancos: R$ 6.975
- Pardos: R$ 3.893
- Pretos: 3.859 (80,7% a menos que os brancos)
*O cálculo considera pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência da pesquisa
Pesquisadora em gênero, Bruna Schlindwein destaca que as mulheres negras e com mais de 40 anos, sobretudo, enfrentam “camadas sucessivas de exclusão”. Para mudar isso, é necessário ter um compromisso real com a equidade e promover uma transformação social, segundo ela.
“Elas [as mulheres negras acima de 40 anos] ocupam, majoritariamente, empregos mal remunerados, trabalham em tempo parcial e ainda são responsáveis pelo cuidado doméstico, que não é reconhecido nem pago. Quando conseguem chegar a cargos de liderança, continuam a receber menos do que os homens”, analisa.
Índice da desigualdade
O índice de Gini é um indicador desenvolvido pelo estatístico italiano Corrado Gini para avaliar o grau de desigualdade na distribuição de renda de uma população.
O valor dele varia de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, mais igualitária é a distribuição de renda e, quanto mais próximo a um, maior é a desigualdade.
Em 2024, ele ficou em 0,535 no DF, com base no rendimento médio mensal real habitualmente recebido em todos os
trabalhos. Apesar de ser o menor da série histórica do IBGE, o número foi o mais alto entre as 27 unidades da Federação do país.
Para calcular o índice, os pesquisadores comparam a distribuição real da renda entre todas as pessoas, com um cenário hipotético em que todos recebem exatamente o mesmo valor.
O cálculo envolve o uso da Curva de Lorenz, que mostra, em um gráfico, como a renda está distribuída entre os habitantes. A diferença na linha da igualdade perfeita e a curva real indica o resultado em um único número.