A influenciadora Jannah Nebbeling, conhecida nas redes sociais por seus conteúdos de estilo de vida, rompeu o silêncio e expôs anos de abusos físicos, psicológicos e sexuais que viveu. O agressor, segundo ela, seria o jogador de futebol paraguaio Jorge Báez, com quem manteve um relacionamento por cerca de três anos.
Jannah contou à coluna Fábia Oliveira que conheceu Jorge aos 18 anos, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O que começou como um “amor de verão”, se transformou em um relacionamento abusivo e traumático, segundo ela. Os dois chegaram a morar juntos em Assunção e no Brasil.
“Tivemos uma parte da relação à distância e foi muito tóxica. Ele não deixava eu sair de casa, ter amigos, e meu celular vivia com a localização ativada para ele poder me monitorar. Ele repudiava meu Instagram, dizia que por eu ter fotos de biquíni eu era puta”, relatou.
Agressões físicas
Com o tempo, de acordo com a influenciadora, as agressões verbais e psicológicas escalaram para agressões físicas, frequentes e cada vez mais violentas.
“Jorge me agrediu milésimas vezes. Eu era manipulada por ele e sofria de dependência emocional. Ele me agredia por levantar a voz, por querer ir à praia com uma amiga, ou por receber mensagens de homens que eu nem respondia. Me jogava contra a parede, mordia minha mão e meu nariz, dava pisões no pé, me amarrava com cordas. Um dia me bateu com luvas de boxe para não machucar tanto o rosto, mas mesmo assim fiquei com os dois olhos roxos”, contou.
Agressão sexual
Jannah Nebbeling ainda revelou que o jogador chegou a agredi-la sexualmente de forma brutal e humilhante.
“Ele introduzia objetos grandes no meu ânus e na vagina, comigo inconsciente, dizendo que queria ‘testar minha profundidade’. Até tentou me colocar uma burca. Dizia que eu não podia ter amigos homens, nem conversar com ninguém na rua, e que deveria olhar apenas para o chão”, disparou.
Falta de acolhimento
A influenciadora tentou buscar ajuda no Paraguai, mas se deparou com uma realidade de omissão e conivência com o agressor. “Lá, vivi em cárcere privado. Não tinha amigas nem qualquer apoio. Pedi ajuda até para um médico durante uma consulta. Ele me disse que o machismo no Paraguai era tão grande que os próprios policiais não tomariam nenhuma medida. E pior: poderiam ser comprados”, desabafou.
Mesmo quando voltou ao Brasil, Jannah afirmou não ter encontrado acolhimento da polícia. “Na Delegacia da Mulher, riram de mim quando falei que ele me mandava apagar o Instagram. Falei que era conhecida, e acharam que eu estava me gabando. Me senti ridicularizada”, relembrou.
Jannah revelou, ainda, que foi pressionada e ameaçada para manter silêncio. Segundo ela, Jorge chegou a mencionar envolvimento com membros de facção criminosa e até ofereceu dinheiro para que ela apagasse provas.
“Ele tem medo até hoje do perfil que criei no Instagram para denunciar. Mas o que me motivou mesmo foi uma amiga próxima, que também sofre violência. Quando ela expôs no close friends, eu decidi me tornar porta-voz de todas as mulheres que já passaram por isso”, disse ela.
A influenciadora digital ainda fez um apelo às pessoas que podem estar passando pela mesma situação: “Nunca se cale. Um dia é você, outro dia é sua irmã, sua mãe, sua filha. Um dia é um tapa, outro dia pode ser um tiro. A nossa voz vale mais que a força deles”.