São Paulo — O agente da Polícia Federal (PF) Phillipe Coutinho afirmou ao Metrópoles, nesta sexta-feira (2/5), que os US$ 199,6 mil apreendidos em sua casa durante a operação contra o esquema bilionário de fraudes contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deflagrada na semana passada, eram de um amigo para o qual prestava um favor.
Coutinho foi um dos alvos da Operação Sem Desconto e afastado do cargo por decisão judicial junto com outros cinco servidores do INSS, incluindo o ex-presidente do órgão Alessandro Stefanutto, que foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A farra dos descontos indevidos do INSS foi revelada pelo Metrópoles.
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Segundo o policial federal, o amigo, que ele preferiu não identificar, estava fugindo de bloqueios judiciais e, por isso, fez uma operação para compra de dólares.
“O cara é meu amigo, me pediu [ajuda] porque a conta dele está bloqueada por causa de um monte de dívida passada. Ele já quebrou no passado. Ele converteu o dinheiro em dólar para proteger o pagamento de uma importação que ele está fazendo, que tem contrato, que tem tudo, entendeu?”, disse Coutinho.
Segundo o agente da PF, o dinheiro vai ser requerido “de volta” pela defesa do amigo nos autos da operação. Coutinho afirma que o amigo trabalha com importação e exportação. “Eu só estava custodiando porque o meu amigo ficou com medo de deixar ele na casa”, afirma.
Entenda as suspeitas sobre o agente da PF no caso do INSS
- Philipe Coutinho passou a ser investigado por aparecer em imagens no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, acompanhando o empresário Danilo Trento e o procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, em uma viatura da PF até uma aeronave de voo privativo, no dia 28 de novembro de 2024.
- O episódio foi considerado relevante pela PF porque Trento recebeu R$ 990 mil em pagamentos feitos pelo empresário Maurício Camisotti, suspeito de usar laranjas para operar três entidades que faturaram, juntas, R$ 580 milhões com descontos sobre aposentadorias. Trento não é alvo da investigação, mas Virgílio Oliveira Filho é suspeito de ter recebido propina de intermediários das entidades e foi afastado do INSS.
- Ao Metrópoles, Philipe Coutinho afirma que só deu uma “carona dentro da área restrita [do aeroporto] para uma pessoa [Danilo Trento]” que conhece há sete anos “para não perder o voo”. “E acabaram com minha vida por causa disso”. “Sou amigo do Danilo Trento há mais de uma década, fazemos parte de um mesmo clube do vinho”, diz.
- Com o agente, a PF encontrou, além dos US$ 199 mil, quadros, relógios e joias. Ele afirma que os quadros são de seu pai, que era artista plástico.
- Em seu pedido de afastamento do policial, a PF também levanta suspeita sobre passagens compradas em cima da hora, com alto valor. Coutinho afirma ao Metrópoles que pagou por todas elas.