O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as decisões judiciais que responsabilizam a União e o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) por descontos indevidos de aposentadorias sejam declaradas inconstitucionais.
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), assinada na quarta-feira (11/6) pelo próprio presidente, pelo advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, e pela secretária-geral de Contencioso, Isadora Cartaxo de Arruda, abrange fraudes ocorridas entre março de 2020 e março de 2025.
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
11 imagens
Fechar modal.
1 de 11
Carros de luxo apreendidos com o Careca do INSS
Reprodução/PF2 de 11
Motos importadas apreendidas na casa do Careca do INSS
Reprodução/PF3 de 11
Mala de dinheiro apreendida em apartamento do Careca do INSS
Reprodução/PF4 de 11
Polícia Federal deflagrou operação por fraudes no INSS
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto5 de 11
PF cumpriu 211 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão na Operação Sem Desconto
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto6 de 11
Carlos Lupi pediu demissão do Ministério da Previdência 9 dias após operação da PF contra farra do INSS
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto7 de 11
PF aponta três operadores da farra dos descontos contra aposentados, entre eles o ”Careca do INSS” (ao centro)
Reprodução8 de 11
Jorge Messias, chefe da AGU
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto9 de 11
Vinícius Carvalho, chefe da CGU
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto10 de 11
Novo chefe da Previdência
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto11 de 11
“Ninguém é autorizado a falar em nome do INSS”, enfatizou o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Em nota, a AGU afirmou que a ação tem como objetivo “garantir o ressarcimento às vítimas dos descontos associativos ilegais em benefícios do INSS”. O órgão informa que, desde a revelação do escândalo, as ações judiciais a respeito dos descontos tiveram “significativo aumento no volume”.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contabilizou 4,1 milhões de ações previdenciárias em tramitação, enquanto o governo estima aproximadamente 9 milhões de descontos associativos do INSS nos últimos cinco anos.
Leia também
-
São Paulo
Oposição planeja arrastar CPI do INSS até 2026 para “sangrar” Lula
-
São Paulo
PF assume investigação avançada contra núcleo da farra do INSS em SP
-
Brasil
INSS: Lula pediu “cautela” à PF para não punir “de forma precipitada”
-
São Paulo
Exclusivo: ministro da Previdência se reuniu com Careca do INSS no início do governo Lula
O advogado-geral da União, Jorge Messias, alertou para a prática de litigância em massa e predatória nos casos.
“É muito importante que seja conferida uma solução célere e definitiva pelo STF, a fim de proteger nossos aposentados, permitir a restituição administrativa de forma eficaz e segura e evitar que milhões de ações sejam ajuizadas para tramitarem por anos e anos no Judiciário”, destaca.
A ação afirma que as interpretações que embasam as decisões judiciais são conflitantes e algumas delas determinam o pagamento em dobro do valor a ser ressarcido. Segundo a AGU, essas decisões são baseadas no Código de Defesa do Consumidor. Essas regras, diz o órgão federal, não cabem no caso.