São Paulo — Os ministros do Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Carlos Lupi (Previdência) afirmaram, nesta quarta-feira (23/4), que a devolução do dinheiro descontado indevidamente de aposentados por entidades investigadas por um esquema de corrupção dentro do INSS será analisado “caso a caso”.
Os dois concederam entrevista coletiva para falar sorbe a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), que cumpriu mais de 200 mandados de busca e apreensão e seis de prisão contra um esquema bilionário de descontos indevidos sobre aposentadorias. O caso foi revelado pelo Metrópoles em março de 2024.
“Cada caso é um caso”, disse Lupi ao ser questionado sobre a devolução de dinheiro descontado indevidamente. “Vamos aguardar desfecho da operação para depois ver as medidas cabíveis”, completou.
Lupi admitiu ter indicado o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi afastado do cargo nesta quarta por decisão judicial, junto com outros quatro integrantes da cúpula do órgão e um policial federal, mas disse que é preciso aguardar o término das investigações para saber se ele teve responsabilidade nos crimes apurados.


Polícia Federal deflagrou operação por fraudes no INSS
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão no prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Brasília, na manhã desta quarta-feira (23/4)
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No total, estão sendo cumpridos 211 mandados de busca e apreensão e outros 6 de prisão, além de ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão
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Os mandados são cumpridos por cerca 700 policiais e 80 servidores da CGU no Distrito Federal
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A investigação tem como alvos pessoas ligadas a entidades, operadores e servidores públicos investigados por cobranças indevidas
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As entidades teriam feito cobranças que alcançaram R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024, segundo a PF
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Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais
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Segundo a PF, o objetivo é “combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões”
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Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais
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Foto da operação da PF, com a CGU, contra descontos irregulares no INSS
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Como mostrou o Metrópoles em uma série de reportagens, essas entidades tinham convênio com o INSS para sobrar mensalidade associativas de aposentados
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A investigação tem como alvos pessoas ligadas a entidades, operadores e servidores públicos investigados por cobranças indevidas
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Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais
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As entidades teriam feito cobranças que alcançaram R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024, segundo a PF
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O argumento da cobrança era sobre vantagens em serviços como plano de saúde, seguro e auxílio-funeral
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Esse tipo de cobrança irregular se iniciou no governo de Jair Bolsonaro (PL), com a autorização de vários convênios com entidades, e perdurou no início do governo Lula (PT)
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A sede do INSS em Brasília e servidores da atual direção são alvo da operação. Também são cumpridos ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão e o afastamento de seis servidores
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O ministro Ricardo Lewandowski também destacou que “cada caso terá de ser analisado individualmente” para ressarcir os milhares de aposentados que tiveram dinheiro descontado indevidamente de seus benefícios, a título de mensalidade associativa. “Mediante apuração interna, esse dinheiro, um dia terá de ser restituído para de quem foi retirado indevidamente”.
Segundo a investigação, 11 entidades investigadas respondem por 80% dos descontos de mensalidade associativa feitos com anuência do INSS, por meio de acordo de cooperação técnica. Calcula-se que mais de 6 milhões de aposentados estavam filiados a alguma das entidades suspeitas.
“É claro que muitas dessas entidades têm patrimônios, bens. Inclusive, foram arrecadados muitos bens e dinheiro em espécie [na operação]. Tudo isso vai ser utulziado para fazer face a essas reivindicações que virão [de devolução do dinheiro]”, afirmou Lewandowski.
Entenda o caso revelado pelo Metropoles
- Em março de 2024, o Metrópoles revelou, a partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que 29 entidades autorizadas pelo INSS a cobrar mensalidades associativas de aposentados tiveram um salto de 300% no faturamento com a cobrança no período de um ano, enquanto respondiam a mais de 60 mil processos judiciais por descontos indevidos.
- A reportagem analisou dezenas de processos em que as entidades foram condenadas por fraudar a filiação de aposentados que nunca tinham ouvido falar nelas e, de uma para outra, passaram a sofrer descontos mensais de R$ 45 a R$ 77 em seus benefícios antes mesmo de o pagamento ser feito pelo INSS em suas contas.
- Após a reportagem, o INSS abriu procedimentos internos de investigação e a Controladoria-Geral da União (CGU) e a PF iniciaram a investigação que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira. Mais de 200 mandados de busca e apreensão e seis de prisão foram cumpridos em 13 estados e no Distrito Federal.
- As reportagens do Metrópoles também mostraram quem são os empresários por trás das entidades acusadas de fraudar filiações de aposentados para faturar milhões de reais com descontos de mensalidade. Após a publicação das matérias, o diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, foi exonerado do cargo.