Fui educado desde criança a respeitar os mais velhos. Era o que eu mais ouvia da minha mãe, do meu pai e das minhas tias velhas com as quais convivi desde tenra idade e até que elas morressem.
Por essa e outras razões, ao ingressar na profissão, busquei a companhia dos jornalistas mais experientes. Eles sabiam o que eu precisava aprender. E, cada um ao seu modo, gostavam de ensinar.
Mas não só a companhia deles. Os mais velhos em geral acumulam histórias que gostam de contar. E o jornalismo é essencialmente a arte de contar histórias que possam interessar ao distinto público.
Onde estão as boas histórias? Na esquina, no bairro ou na cidade onde vivemos, e para além do que a vista alcança. Só as descobrem os que apreciam uma conversa olho no olho e sem interrupção.
Quem hoje gasta parte do seu tempo com conversas cara a cara? Os jornalistas deveriam ser os primeiros. Mas eles saem pouco das redações onde vivem algemados a celulares e computadores.
Quantas boas histórias não perdem seu atrativo só por serem mal contadas? E como contá-las bem se na maioria ou na totalidade dos casos as recebemos prontas e por meios eletrônicos?
A pressa em publicá-las é o maior inimigo do prazer de uma boa leitura. Pergunte a qualquer pessoa o que ela prefere: uma história fragmentada escrita às pressas ou uma história bem contada?
Pergunte se ela se sente bem servida com o volume crescente de histórias que recebe a cada instante. Sente-se bem-informada? Ou é contrário? Pois o excesso de informação desinforma.
Uma boa história requer tempo para ser apurada, escrita e editada. Se isso não era fácil de fazer à época dos jornais impressos a cada 24 horas, imagine agora quando eles estão disponíveis a um toque.
É possível conciliar o jornalismo de qualidade com o jornalismo de “faits divers”, notícias que relatam eventos curiosos ou incomuns e que não têm impacto significativo na vida das pessoas.
Basta querermos e nos organizarmos para tal. Quanto aos “likes”, a nova moeda que nos remunera… Quem disse que eles se tornarão raros por prestarmos um melhor serviço? Não faz sentido.
Só acertam os que não têm medo de errar e de se corrigir. Modelos existem para ser aperfeiçoados ou reinventados. O resto é comodismo, preguiça ou falta de imaginação.
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