São Paulo – Ex-ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu, tem visitado deputados estaduais do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Na quarta-feira (27/3), ele visitou o gabinete do 1º secretário da Casa, o petista Maurici (veja foto em destaque). No encontro, eles conversaram sobre a oposição ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a sucessão do Partido dos Trabalhadores.
Diante do cenário de inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), o PT tem visto Tarcísio como um nome presidenciável. Independente do futuro político do governador paulista, seja candidato à Presidência da República ou à reeleição, os parlamentares petistas têm prometido acirrar a oposição neste ano pré-eleitoral. Dirceu está empenhado em ajudar nessa missão.
Um dos pontos defendidos pelo ex-ministro é que a oposição deve mostrar alternativas para a segurança pública. A área seria uma bandeira de Tarcísio de Freitas, mas sofre com uma série de denúncias de violência policial e de corrupção de agentes. Dirceu afirma que a esquerda deve apresentar uma alternativa para a segurança baseada “na inteligência e não na truculência”.
A conversa no gabinete de Maurici também contou com o ex-vereador Dr. Adriano Santos, que é ex-policial militar. O foco no combate a violência, porém, não é unanimidade entre os petistas. Há quem conteste a ideia com a alegação de que a resposta desejada pelos eleitores sobre violência não é a que a esquerda pode dar.
A oposição também tem dito que, além da segurança pública, a outra pauta de Tarcísio são as privatizações, o que é considerado pelos petistas apenas um desmonte do estado, mas não um projeto propositivo de governo.
Há ainda a tentativa de adotar as obras de infraestrutura de São Paulo como conquistas do governo Lula. O Trem Intercidade, entre São Paulo e Campinas, e o túnel submerso entre Santos e Guarujá são obras incluídas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para facilitar a captação de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A ida ao gabinete de Maurici nesta semana não é a primeira visita de Dirceu à Alesp neste ano. Há cerca de um ano, ele participou do almoço da bancada petista que ocorre todas as semanas. Entre 1987 e 1991, Dirceu foi deputado estadual. Depois, ele se tornou deputado federal, presidente nacional do PT e homem-forte dos primeiros governos de Lula.
Preso por três vezes na Operação Lava Jato e uma vez no Mensalão, o ex-ministro perdeu espaço de influência, tanto no entorno de Lula, quanto nos bastidores do partido. No entanto, ele tem voltado às rodas de Brasília e São Paulo. Durante as eleições municipais, se mudou para a casa de uma de suas filhas na capital paulista para ajudar a campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP), que perdeu a eleição à Prefeitura paulistana.
Neste mês, Dirceu marcou presença no aniversário de Marta Suplicy – candidata a vice-prefeita nas últimas eleições – comemorado no salão de festas do prédio em que a ex-prefeita mora na capital. A festa contou com ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Saúde) e com o próprio presidente Lula que disse a Dirceu que ele estava “com cara de candidato a deputado”. No dia seguinte, o ex-deputado foi a uma feijoada do MST e confirmou que será candidato à Câmara dos Deputados, em 2026.
Sucessão do PT
Outro assunto tratado por Dirceu no gabinete de Maurici foi as eleições internas do Partido dos Trabalhadores. O deputado estadual é pai de Kiko Celeguim (PT-SP), deputado federal e presidente da Executiva Estadual do PT, e articula a reeleição na direção do partido.
Eles são integrantes da corrente majoritária do partido, Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem passado por disputas. Após a saída de Gleisi Hoffmann da Presidência da legenda, a ala petista está em disputa. Em nível nacional, a disputa se concentra na Tesouraria do partido. A função é ocupada por Gleide Andrade, esposa do deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP).
No gabinete da Alesp, a conversa no gabinete foi para tentar garantir estratégias para que a disputa por espaços na ala majoritária não se torne um racha irreparável e contamine o trabalho de oposição ao governo Tarcísio.