Os juros dos títulos públicos indexados à inflação têm nova sessão de queda nesta segunda-feira (19) mesmo em meio à pressão vinda do exterior, com os papéis da dívida dos Estados Unidos negociando com taxa mais alta em reação ao rebaixamento da nota de crédito do país pela Moody’s, na última sexta-feira (16).
O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 pagava 7,23% de juro real na atualização de 11h55, contra 7,37% na sexta, e 7,96% no pico do ano, em 2 de abril, dia em que Donald Trump anunciou as chamadas “tarifas recíprocas”. Já o papel de 2040 vai a 7,01% e o mais longo, de 2050, aprofunda queda abaixo desse patamar, alcançando 6,93% ao ano de taxa prefixada além do IPCA.
Queda também na remuneração dos papeis prefixados, que variam de 13,39% a 13,97% anuais, a depender o prazo, na terceira sessão seguida de recuo.
Continua depois da publicidade
Os ativos brasileiros operam em alta (quando a taxa cai, o preço do papel sobe) apesar do movimento de depreciação dos títulos americanos. O juro da dívida de 10 anos, que serve de referência global para precificação de ativos, avança para próximo de 4,50%, após ter tocado em 4,55% mais cedo – mesmo com o recuo, no maior nível desde fevereiro. Já a de 30 anos, que costuma sofrer mais o efeito da situação fiscal, chegou a ultrapassar momentaneamente os 5% nesta manhã, maior patamar desde 2023, antes de aliviar para 4,96% por volta das 12h40.
No Brasil, os títulos públicos também reagem na contramão da expectativa de inflação persistente após a divulgação do IBC-Br, indicador de atividade econômica do Banco Central considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Em março, o crescimento do IBC-Br foi de 0,8% no comparativo com fevereiro, e de 1,3% no comparativo do primeiro trimestre deste ano com o último do ano passado. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o aumento é de 3,7%.
“Os dados mostram que, apesar de sinais de arrefecimento na margem, a economia brasileira ainda está aquecida em momento em que se discute o fim do ciclo de alta na taxa de juros”, avalia André Valério, economista sênior do Inter.
Continua depois da publicidade
Após a divulgação do dado de atividade, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, defendeu em evento promovido pelo Goldman Sachs, em São Paulo, que a manutenção da taxa Selic em nível “bastante restritivo” por “bastante tempo”, ao mesmo em que negou dar qualquer direcionamento a respeito dos próximos passos da autarquia na condução da política monetária.
Confira as taxas dos títulos do Tesouro Direto às 11h55 desta segunda-feira (19):
