Deputados federais do Centrão, que compõem a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acreditam em uma reunião tensa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na residência oficial do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O anúncio do governo de aumento do IOF, feito há duas semanas, gerou incômodo entre os congressistas. A medida é uma aposta do governo para equilibrar as contas públicas.
Segundo o líder de um partido do Centrão, que tem ministério no governo petista, essa medida mostrou uma ruptura na forma como Haddad vinha tratando a articulação da política econômica.
“Durante os dois anos, tudo que o Haddad fez, ele conversou com a gente primeiro”, disse. “Dessa vez, eles tomaram a decisão sem conversar conosco”.
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O parlamentar vê, portanto, o erro do governo ao anunciar o aumento do imposto sem consultar a base governista, como uma “brecha” para revisar a política econômica do país.
“O IOF é um pedacinho do problema fiscal do país”, afirmou. “Nós vamos rever o IOF, o Copom faz uma reunião e aumenta 0,25% da Selic. Tem o mesmo impacto nas contas do país”.
Líder do Republicanos na Câmara dos Deputados, Gilberto Abramo (Republicanos-MG), também criticou o aumento de imposto e defendeu medidas estruturais.
“Aumentar a carga tributária não é o caminho para superar os desafios do nosso país. O Brasil precisa de medidas estruturais, e não de mais impostos”, disse.
Esses parlamentares acreditam que tiveram de tomar medidas impopulares, como o pacote do ano passado, que restringia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), e ajudaram o governo a aprovar a agenda fiscal, mas, dessa vez, sentem-se contrariados com a decisão sobre o IOF.
O próprio presidente da Câmara fez um discurso duro, neste sábado (8/6), durante evento empresarial no litoral de São Paulo. Motta disse que era momento de tomar medidas corajosas e cortar gastos.
A expectativa dos parlamentares para o encontro, marcado para iniciar às 18h deste domingo (8/6), é que Haddad apresente medidas alternativas ao aumento do imposto. Além do ministro e do anfitrião, Hugo Motta, a reunião também conta com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e líderes dos partidos governistas no Congresso.