O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira assombra o governo Lula e o seu partido.
Depois de viralizar com o vídeo divulgado em janeiro sobre a tentativa de monitoramento do PIX — 330 milhões de visualizações até o momento —, ele voltou a causar pesadelo entre os petistas com um vídeo sobre a fraude bilionária no INSS, revelada pelo Metrópoles.
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O filminho já tem mais de 100 milhões de visualizações. O alcance nos primeiros dias foi menos da metade do que o do PIX, mas humilhou todas as tentativas de resposta da tropa de choque governista. Juntas, elas não alcançaram 6 milhões de visualizações.
Nikolas Ferreira é, em si, um fenômeno. Muito bem articulado, ele é hábil para situar o seu discurso na zona cinzenta entre verdade comprovada e possibilidade avançada, algo muito natural na guerra política, embora os seus adversários se apressem em tachar tudo de fake news e queiram censurá-lo e até mesmo cassá-lo, já que cassação de deputado virou algo tão fácil quanto roubar celular.
Exemplos: no caso do PIX, Nikolas Ferreira disse que o monitoramento levaria a que todos os trabalhadores informais passassem a ser vigiados pela Receita; no caso da fraude do INSS, ele afirmou que as quadrilhas associativas que tungaram aposentadorias e pensões também agiam no crédito consignado — o que é bem mais do que hipótese avançada, aliás, como mostra hoje o meu colega Luiz Vassallo, o jornalista que revelou a tunga bilionária.
Os descontos fraudulentos começaram no governo de Jair Bolsonaro, mas Nikolas Ferreira explora o fato de que eles ganharam escala impressionante sob o atual presidente da República. Nada mais legítimo na política.
O deputado é a ponta do iceberg. É divertido ver como os petistas estão comendo poeira nas redes sociais. Logo eles, os inventores das milícias digitais no primeiro mandato de Lula. Logo eles, que pagavam blogueiros sujos com dinheiro público para emporcalhar a reputação de adversários políticos e de jornalistas independentes que revelaram o esquema do mensalão (como eu).
O início promissor não teve continuação, pois é. A esquerda, e não apenas a nacional, é ruim de redes sociais. A sua forma é antiga, a sua linguagem é ultrapassada e o seu tempo de reação é lento.
Dá para entender. Com o seu ideário socialista empoeirado, a esquerda ainda arrebanha os seus quadros em grêmios e diretórios estudantis. A direita, por sua vez, agrega jovens nas redes sociais, atraídos pela ideologia individualista do faça você mesmo— e ter militantes e políticos que nasceram nas redes é bem mais eficaz do que contratar influenciadores que só fazem frila em política.
É que o sujeito precisa ter alguma convicção, e quando a convicção se casa ao talento comunicativo excepcional, tem-se um Nikolas Ferreira.
O PT ainda tentou suprir a sua carência nas redes sociais, cooptando André Janones. O sujeito infernizou por algum tempo os bolsonaristas, mas o mundo dele caiu quando veio à tona que fazia rachadinhas, foi salvo de ser cassado por Guilherme Boulos e teve de fazer acordo com a PGR e devolver o dinheiro surrupiado para não ser processado criminalmente. André Janones foi aposta com data de validade.
A velhice da esquerda fica evidente nas redes, e é por isso que ela tenta censurá-las. Já que a esquerda não tem um Nikolas Ferreira para chamar de seu, melhor calar o Nikolas Ferreira com o porrete judicial.