O homem atropelado pela ex-esposa na tarde da última quinta-feira (15/5), na Rua Joaquim Lapas Veiga, na zona oeste de São Paulo, se passou por outra pessoa para marcar um encontro com a mulher, que é garota de programa, via um site de acompanhantes.
Segundo o boletim de ocorrência obtido pelo Metrópoles, os dois passaram a noite em um motel e, depois, foram até uma borracharia para consertar o carro da mulher, momentos antes do atropelamento.
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Em depoimento à polícia, a mulher contou que conviveu com o ex-marido por cerca de um ano, mas se separou poque foi vítima de agressões por parte dele. Ela disse que registrou dois boletins de ocorrência contra o ex por violência doméstica.
A mulher ainda revelou que o ex-marido a perseguia “há algum tempo” e que já tinha diversas medidas protetivas contra ele. No dia do crime, ela contou que o ex entrou em contato por meio do site de acompanhantes que em que trabalhava, havia cerca de uma semana.
Neste primeiro contato, o homem usou nome e número de telefone diferentes, pois a mulher havia bloqueado o contato que ele usava normalmente. Por esses “disfarces”, ela não desconfiou de nada e topou se encontrar com o cliente em um endereço desconhecido.
Mas, ao chegar no local, ela percebeu que se tratava do ex-marido – que estava acompanhado por outra pessoa. Ele a chamou para conversar em um “local mais reservado” e, depois de bastante insistência, ela topou ir a um motel no bairro Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, onde chegaram por volta das 2h00.
No motel, a mulher disse que os dois tiveram relações sexuais e que o ex-marido não se mostrava agressivo, até o momento em que começou a consumir bebidas alcoólicas. Depois disso, o ex-casal começou a discutir e, durante a briga, a mulher conta que sofreu um tapa no rosto, teve o cabelo puxado “violentamente” e levou um soco nas costas.
Após ser agredida, a vítima pediu para ir embora, mas o homem pegou a chave do carro dela e a impediu de deixar o motel. Só depois de algumas horas, ela conseguiu deixar o quarto, junto ao ex-marido.
Na recepção do estabelecimento, o homem ainda brigou com as funcionárias do motel, durante cerca de 20 minutos. Ele não queria pagar a estadia no motel. A polícia foi acionada, mas a situação foi resolvida antes da chegada dos agentes no local.
O registro policial ainda indica que o ex-marido não queria pagar pelos serviços da mulher, que estava ali após ter sido contratada por ele.
Após o conflito – aparentemente resolvido –, o homem ainda saiu sozinho do local com o carro da ex-esposa que, na verdade, estava em nome da mãe dela, mas voltou ao endereço após cerca de dois minutos para buscar a mulher.
Os dois partiram em direção à Rodovia Raposo Tavares, mas desviaram o caminho após a mulher avisar que o para-choque estava quebrado e que o carro poderia parado pela Polícia Rodoviária durante o trajeto. Então, eles decidiram seguir para uma borracharia na região.
Fuga da borracharia
No meio do caminho, a mulher assumiu a direção do veículo — ela não tinha habilitação. Ao chegar na borracharia, apenas o homem desceu do veículo e tentou negociar com o borracheiro o conserto do para-choque. Porém, o funcionário explicou que não tinha capacidade para arrumar esse tipo de dano e indicou uma oficina nas proximidades que poderia realizar o trabalho. O homem então voltou ao carro, mas, ao tentar entrar no veículo, percebeu que a mulher trancou o automóvel e ameaçava fugir do local.
O ex-marido então subiu no capô do carro, com a intenção de impedir a saída dela. A tentativa foi frustrada e a mulher acelerou, mesmo com o homem em seu campo de visão. Poucos metros adiante, o homem acabou caiu do capô, foi atropelado e acabou embaixo do automóvel.
Atropelamento
- Câmeras de segurança flagraram o momento em que a mulher dirige um carro preto com o ex-marido no capô do veículo. Eles tinham acabado de sair de uma borracharia nas proximidades, na zona oeste de São Paulo.
- Em poucos segundos, é possível ver o homem caindo do automóvel e a mulher o atropelando. O carro passa por cima dele.
- Testemunhas que estavam no local presenciaram a cena e tentaram ajudar, levantando o veículo para tirar o corpo do homem debaixo do automóvel.
- Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares foram acionados ao endereço e encontraram a vítima inconsciente e muito machucada. Ele precisou ser resgatado pelo helicóptero Águia da Polícia Militar. Ele foi encaminhado ao Hospital das Clínicas. Até o momento do registro policial, ele permanecia vivo.
- Os mesmos agentes relataram que a mulher estava muito nervosa. Ela contou que, no momento do atropelamento, entrou em choque e, por isso, não conseguiu chamar o resgate — o que foi feito por populares.
Delegado optou por não prender a mulher
O delegado Rodolfo Furtado Bastos, responsável por assinar o boletim de ocorrência, definiu o caso como um “infeliz desfecho de uma tragédia declarada”.
Ele considerou o passado “comprovadamente violento” do homem atropelado, a série de agressões relatadas pela mulher e entendeu que “muito provavelmente” a ex-esposa seria vítima de algo mais grave, “[que] talvez [evoluísse] para um feminicídio”.
Por isso, o delegado optou por não prender a mulher em flagrante.
Além disso, ele declarou no documento que o atropelamento foi culposo (não intencional) e afirmou que os atos “foram frutos de um momento de desespero, descontrole e, em especial, de medo”.
O caso foi registrado como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, com o agravante da mulher não ter carteira de habilitação, no 89° Distrito Policial (Jardim Taboão).