São Paulo — Condenado a 16 anos de prisão por estupro de vulnerável, o médico Milton Seigi Hayashi, foi condecorado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com a medalha Cinquentenário das Forças de Paz do Brasil.
A homenagem foi concedida em cerimônia do dia 27 de março pela Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz (ABFIP) e entregue pelo deputado Capitão Telhada (PP) no auditório Teotônio Vilela. Hayashi teria sido reconhecido pelo trabalho no tratamento de crianças pobres no interior de São Paulo.
Em nota, a Alesp esclarece que a medalha não está entre as honrarias oficiais do Parlamento Paulista e apenas cede o espaço para a realização do evento, que é de inteira responsabilidade da Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz.
Em junho do ano de 2024, Hayashi foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo à pena de 16 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pelo estupro de sua sobrinha. O caso aconteceu em 2022, quando a menina tinha nove anos, e teria sido tocada em sua vagina por Hayashi.
Ele nega a acusação e recorreu à condenação no Supremo Tribunal de Justiça, onde o caso tramita em segredo de justiça. Segundo o advogado Elber Carvalho de Souza, que defende o médico, a mãe da menina e irmã de Hayashi teria retratado a denúncia em um ato notório, no qual ela registrou uma conversa em que a menor disse que o ato do tio “não passou de uma brincadeira”.
Após a homenagem, o Ministério Público de São Paulo entrou com um pedido na Polícia Federal nesta quarta-feira (9/4) para que o passaporte de Hayashi seja apreendido, já que o médico estaria planejando uma viagem para o exterior.
“Durante o evento teria sido ventilada a possibilidade de o réu estar planejando viagem ao Japão, a pretexto de receber homenagem naquele país, mas com o real intuito de evadir-se da aplicação da lei penal”, escreveu o pedido do MPSP.
A defesa de Hayashi nega o intuito do médico e disse ao Metrópoles que ele se dispôs a entregar o passaporte desde o início do processo.
A medalha Cinquentenário das Forças de Paz do Brasil é uma condecoração concedida pela ABFIP para reconhecer autoridades civis e militares que se destacaram em ações comunitárias.
Em nota ao Metrópoles, o gabinete do deputado Telhada explica que o evento de entrega foi realizada a partir de solicitação da própria associação, com autorização para uso do espaço da Alesp. Segundo a nota, não há qualquer vínculo entre os homenageados e o mandato parlamentar.
“A definição dos homenageados é de inteira responsabilidade da ABFIP, sem qualquer envolvimento ou interferência do gabinete do Deputado Capitão. A própria entidade já publicou nota oficial reconhecendo sua autonomia e responsabilidade na condução do evento. A participação do parlamentar na cerimônia foi meramente formal e protocolar, conforme previsto no rito da associação”, disse o deputado Telhada em nota.
Já a ABFIP informou que “será instaurado procedimento interno pelo departamento competente para apuração dos fatos e comprovada as alegações a outorga realizada poderá ser cassada”.
A associação ainda afirma que “o médico foi indicado pelo departamento de saúde da instituição, após análise de documentos, informações prestadas pelo médico e notícias encontradas em redes sociais, bem como referencias apresentadas pelos seus 25 anos de serviços prestados como médico, não se tendo conhecimento do processo criminal informado”.