Analistas do mercado financeiro reduziram, pela segunda semana seguida, a projeção para a inflação de 2025, que passou de 5,57% para 5,55% — ainda acima do teto da meta para este ano, que é de 4,50%.
Os dados fazem parte do relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (28/4) pelo Banco Central. As projeções são frutos da análise de mais de 100 especialistas do mercado financeiro, consultados semanalmente no levantamento do BC.
O que é o relatório Focus
- O Relatório de Mercado Focus resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado financeiro coletadas até a sexta-feira imediatamente anterior à divulgação do documento.
- O Focus é tradicionalmente divulgado toda segunda-feira.
- O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio (dólar), taxa Selic, entre outros indicadores.
- As projeções são do mercado, não do Banco Central. A autoridade monetária só reúne os dados.
Mesmo com as mudanças nas variações para a inflação, as expectativas do mercado seguem distantes do chamado “horizonte relevante” e da meta inflacionária (entenda o sistema abaixo).
Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual – isto significa, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
Vale destacar que, a partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Atualmente, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 5,48% nos últimos 12 meses até março. Nesse ritmo e patamar, o IPCA caminha para mais um ano em que a meta será descumprida.
O próprio Banco Central segue indicando o estouro do teto da meta neste ano.
Na última ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o colegiado alertou que, se a inflação seguir avançando, o valor acumulado em 12 meses ficará “acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”.
Inflação
O mercado financeiro também fez alterações nas estimativas para a inflação de 2026 e 2028. As expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2027 seguem as mesmas da semana anterior, em 4%.
A projeção do mercado para a inflação de abril continua em 0,44% no mês. A divulgação oficial do IPCA, referente a abril, está prevista para 9 de maio.
Confira como ficaram as expectativas do mercado:
- Para 2025, caiu de 5,57% para 5,55%.
- Para 2026, subiu de 4,50% para 4,51%.
- Para 2027, segue em 4%.
- Para 2028, foi de 3,80% para 3,78%.
PIB e taxa Selic
As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deste e dos próximos anos não foram alteradas pelos analistas financeiros, segundo o Focus.
Confira as projeções para o PIB deste e dos próximos três anos:
- 2025: é de 2%;
- 2026: continua em 1,70%;
- 2027: segue em 2%;
- 2028: está em 2%.
O mercado também não fez mudanças na projeção (pela 16ª semana seguida) da taxa básica de juros, a Selic, para o fim deste ano. A estimativa dos economistas segue em 15% ao ano, como no relatório anterior.
As previsões para os demais anos seguem inalteradas, confira abaixo:
- Para 2026, os analistas projetam uma Selic de 12,50% ao ano.
- Para 2027, a previsão da taxa de juros é de 10,50% ao ano.
- Para 2028, a estimativa continua em 10% ao ano.
Com isso, os analistas não acreditam que a taxa Selic fique abaixo de dois dígitos até o fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026, e sequer do mandato de Gabriel Galípolo à frente do BC, que termina em 2028.
Atualmente, a taxa Selic é de 14,25% ao ano — quinta elevação consecutiva no ciclo de aperto monetário (ou seja, aumento dos juros), que começou em setembro do ano passado.
Na ata da última reunião do Copom, o colegiado do Banco Central indicou que o ciclo de aperto monetário “não está encerrado”, mas frisou que o próximo aumento “seria de menor magnitude”.
Dessa forma, o Copom não espera realizar outro acréscimo de 1 ponto percentual na taxa Selic, mas ajustes de menor peso. A próxima reunião da diretoria do BC está marcada para os dias 6 e 7 de maio.
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