O urologista Rui Noronha Sacramento, um dos três condenados em um escândalo de tráfico de órgãos revelado em 1987, morreu nesse sábado (7/6). A informação foi confirmada pela Associação Paulista de Medicina de Taubaté, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, em uma publicação no Instagram.
Rui e mais dois médicos, Pedro Henrique Torrecillas e Mariano Fiore Júnior, foram condenados em 2011 a 17 anos de prisão pelo homicídio de quatro pacientes.
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Em 27 de maio deste ano, o juiz Flavio de Oliveira Cesar solicitou ao Deic de Taubaté a realização de cumprimento de novos mandados de prisão em desfavor de Rui e de Mariano. O terceiro condenado, Pedro, faleceu em outubro de 2024.
Denúncia de tráfico de órgãos
Segundo o noticiário da época, a denúncia sobre os crimes foi realizada pelo então diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté, Roosevelt de Sá Kalume, que informou ao Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo que os acusados estariam extraindo os rins das vítimas sem a prova de morte encefálica.
Os rins estariam sendo levados para uma clínica particular na capital paulista. Na ocasião, o escândalo ficou conhecido como Caso Kalume, em referência ao médico que fez as denúncias e morreu em janeiro deste ano.
Um quarto médico, Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, também havia sido condenado pela investigação que foi concluída em 1996, mas morreu em maio de 2011, antes do julgamento, que aconteceu em outubro daquele ano.
Como era o esquema
Os réus integravam o corpo médico do Hospital Santa Isabel de Clínicas, onde atualmente funciona o Hospital Regional de Taubaté. A cobertura jornalística da época aponta que os médicos tinham o objetivo de criar um programa de transplante de rins na cidade e passaram a extrair os órgãos dos pacientes que se encontravam sob seus cuidados, pedindo autorização aos familiares das vítimas para o procedimento devido a um suposto quadro de morte irreversível.
Laudos do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) da época concluíram que pelo menos dois pacientes em coma tiveram os rins retirados e não estavam em estado de morte cerebral.
Os crimes teriam sido cometidos entre setembro e dezembro de 1986. Reportagens da época apontam que as vítimas foram José Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro, que morreram no hospital entre 16 de setembro e 22 de dezembro daquele ano.