Dois anos após ter que lidar com as perdas resultantes do rápido colapso do Credit Suisse, o chefe do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) anunciou que não fará mais investimentos nos mercados financeiros da Suíça.
Investidores do Oriente Médio foram particularmente afetados pela decisão abrupta da Suíça de ignorar os votos dos investidores quando o UBS assumiu o Credit Suisse em um resgate apoiado pelo governo, a um desconto acentuado. Na época, o Saudi National Bank — cujo principal acionista é o PIF — detinha uma participação de cerca de 10% no Credit Suisse.
“Não vamos investir nos mercados financeiros da Suíça”, afirmou o governador do PIF, Yasir Al Rumayyan, durante um evento na Albânia no sábado. “Se você muda algo da noite para o dia e elimina todos os seus investidores, isso é um grande sinal de alerta.”

Al Rumayyan fez os comentários durante uma conversa no palco com Noel Quinn, que recentemente assumiu a presidência do Julius Baer, com sede em Zurique. “Como presidente de um banco suíço há 10 dias, isso me preocupa”, disse Quinn em resposta.
O acordo de 2023 para resgatar o Credit Suisse foi elaborado em poucos dias após uma venda intensa das ações do banco, que se intensificou quando o então presidente do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, afirmou que “absolutamente não” estaria aberto a novos investimentos no Credit Suisse.
O acordo não recebeu aprovação dos acionistas do Credit Suisse ou do UBS, enquanto reguladores e legisladores se apressavam para conter uma crise de confiança que se espalhava pelos mercados globais.
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Na época, acionistas do Oriente Médio, incluindo o Saudi National Bank e a Qatar Investment Authority, possuíam cerca de um quinto do Credit Suisse. O Saudi National Bank — o maior acionista do banco suíço — havia instado o Credit Suisse a rejeitar a oferta do UBS, conforme reportado anteriormente pela Bloomberg News.
Outros investidores alertaram na época que a decisão do governo de ignorar as leis de fusão sobre os votos dos acionistas poderia afastar investidores institucionais. Comentários legais também indicaram que a forma como a venda foi apressada manchou a reputação do país como um lugar onde o Estado de Direito é garantido para os investidores.
Os comentários de Al Rumayyan ocorreram enquanto o PIF revelava planos mais amplos para abrir um escritório subsidiário em Paris e se comprometeu a dobrar os investimentos na Europa para US$ 170 bilhões até o início da próxima década. O fundo alocou cerca de US$ 85 bilhões na região entre 2017 e 2024, após realizar investimentos significativos em países como Reino Unido, França e Itália.
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