São Paulo — A Prefeitura de São Paulo anunciou, nesta sexta-feira (28/2), que as empresas Sancetur e Alfa RodoBus vão substituir a operação da Transwolff e a UpBus, respectivamente. As companhias tiveram o contrato rompido pela gestão Ricardo Nunes depois que passaram a ser investigadas pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por suposta ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo a gestão municipal, as novas empresas vão começar a fase de transição em 15 de março. Até lá, a prefeitura seguirá responsável pela intervenção nas linhas.
A Sancetur, do grupo SOU Transportes, vai assumir a operação de 132 linhas de ônibus da zona sul que pertenciam à Transwolff. Já a Alfa RodoBus S/A, que atua em linhas do transporte coletivo da capital há 10 anos, assumirá as 13 linhas na zona leste que eram operadas pela UpBus.
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“Os 590 mil passageiros que utilizam diariamente as linhas de ônibus atualmente operadas pela Transwolff e os 70 mil passageiros diários da UpBus continuarão a ser atendidos, bem como trabalhadores e fornecedores, sem qualquer prejuízo na prestação de serviço”, informou a gestão.
De acordo com a prefeitura, após manifestação de interesse das novas empresas, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) comprovou que as substitutas apresentam capacidade técnica e econômico-financeira para assumir os contratos. “As duas empresas atendem a todas as exigências do edital da licitação realizada em 2019”, informou.
Fundada em 1922, a Sancetur atua no setor de transportes desde 1952. A empresa possui uma frota de 2.050 ônibus, com um total de 4.200 funcionários. Atualmente, a Sancetur opera em 21 cidades paulistas.
Já Alfa RodoBus tem frota de 148 ônibus e atende 90,3 mil passageiros por dia na região oeste da cidade de São Paulo. A concessionária opera as linhas do lote D13.
Entenda o caso
- A Transwolff e a UpBus apresentaram, na segunda-feira (27/1), as respectivas defesas no processo de caducidade de contrato com a Prefeitura de São Paulo.
- As concessionárias estão sob intervenção da gestão municipal de São Paulo desde abril, quando foram acusadas de vínculo com o PCC.
- O dono da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora, e o sócio da UpBus, Silvio Luís Ferreira, o Cebola, tiveram mandados de prisão cumpridos durante a operação.
- Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao MPSP, a Transwolff recebeu um aporte de R$ 54 milhões da facção criminosa, obtidos com tráfico de drogas e outros delitos, para participar da licitação do transporte público na capital paulista.
- A Transwolff e a UpBus operam, respectivamente, as linhas de ônibus da zona sul e leste da cidade de São Paulo — e transportam, juntas, 700 mil passageiros.
O que dizem as empresas
Em nota, a Transwolff afirmou que o rompimento do contrato foi feito “em total descompromisso com os princípios fundamentais do direito”. Segundo a concessionária, “mesmo sem nenhuma comprovação da existência de qualquer vínculo da empresa e de seus dirigentes com organizações criminosas no processo judicial sigiloso em curso, a Prefeitura instaurou um procedimento administrativo repleto de inconstitucionalidades e desprovido de qualquer fundamento jurídico, utilizado como pretexto para justificar uma decisão administrativa injusta e ilegal”.
“Confiamos na Justiça e no Estado Democrático de Direito. A decisão ilegal da Prefeitura será contestada judicialmente. Confia-se no Poder Judiciário para restabelecer a legalidade e a verdade dos fatos”, completou.
A UpBus ainda não se manifestou em relação à decisão. O espaço segue aberto.