São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) negou nesta quinta-feira (6/5) que haja um desconforto entre ele e o vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), após as polêmicas envolvendo decisões do auxiliar enquanto o prefeito estava em viagem à Ásia. Nunes afirmou que o vice não é “ilustrativo”.
No período, Mello exonerou três servidores ligados à área de segurança alimentar do município, deu entrevistas e iniciou a obra para instalação de um estacionamento em baixo do Minhocão, o que gerou reações da oposição e da sociedade civil.
“O meu vice não é ilustrativo. É um vice que atua, que trabalha todos os dias. Eu estou em algum lugar trabalhando e ele está em outro lugar trabalhando. A população, quando foi às urnas, com os 3.393.110 votos que tivemos, tinha lá o retrato do Ricardo Nunes e do coronel Mello. Como em 2020 tinha o retrato do Bruno Covas e do Ricardo Nunes”, disse o prefeito durante agenda de entrega de motos para o Samu na zona leste.
Obras no Minhocão
- Ricardo Nunes disse ainda que, em relação à intervenção no Minhocão, a oposição está “pegando uma situação que não é desse tamanho e transformando em algo gigantesco”. Nessa segunda-feira (5/5), a bancada do PT na Câmara Municipal organizaram uma audiência pública para debater o tema.
- “Quem ganha governa, quem perde faz oposição. Estão no papel deles. Infelizmente é uma oposição de baixo nível. Ali a gente tem uma situação em que precisamos ter um local onde os veículos que fazem manutenção e limpeza possam encostar e proceder seu trabalho cotidiano”, explicou o prefeito.
- De acordo com o mandatário, a ciclovia no local será mantida. Segundo Nunes, a implementação de um estacionamento embaixo do elevado, na altura das ruas General Jardim e Major Sertório, há vinha sendo discutida.
Polêmicas com o vice
A ausência de Nunes foi marcada pela tentativa de Mello Araújo de tirar do papel um projeto controverso: a ideia de fazer um bolsão de estacionamento debaixo do Minhocão.
A proposta visa, oficialmente, evitar o descarte irregular de lixo no local. Na prática, pode impossibilitar que moradores de rua continuem morando no local. A medida gerou protestos e foi acusada de higienismo.
Sobre dar início à obra, Mello Araújo nega que tenha agido sem consentimento do prefeito.
“Não decido nada. Todas as coisas que estão acontecendo o Ricardo [Nunes] está ciente. […] Eu sou militar. Não vou dar um passo sem ciência do prefeito. Teve reunião antes. O Ricardo até entendia que talvez um jardim fosse melhor. Mas decidimos experimentar o estacionamento. De repente, pode ser um misto de tudo. A gente pode fazer um bolsão e em outro trecho, um jardim”, afirmou ao Metrópoles.
Além disso, no período de ausência de Nunes, Mello Araújo demitiu o secretário executivo de Segurança Alimentar de São Paulo, Carlos Eduardo Fernandes, e outros dois servidores. O motivo não foi oficialmente detalhado.
Sabe-se, no entanto, que o vice-prefeito não contatou o prefeito sobre o assunto e, de quebra, acabou desagradando um partido da base aliada. O cargo era indicação do Solidariedade, do deputado federal Paulinho da Força, que ficou contrariado com a atitude.
“O vice tem que trabalhar. É normal que as pessoas às vezes estranhem que os vices estão trabalhando. Mas é o que tem que ser, como eu fazia com o Bruno [Covas]”, disse Nunes nesta terça-feira (6/5).