Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é o único papável, ou melhor, presidenciável, que não considera Bolsonaro uma carta fora do baralho da política. É por isso que evita se mexer às claras para ser o candidato da direita à sucessão de Lula. Por ora, não existe testemunha confiável de que ele se mexa no escuro.
Os demais presidenciáveis – Ronaldo Caiado, governador do Goiás, Ratinho Júnior, governador do Paraná e Romeu Zema, governador de Minas Gerais, mexem-se com desenvoltura e às claras para substituir Bolsonaro como líder da direita a partir do próximo ano, ganhem ou percam as eleições, não importa.
Por julgarem Bolsonaro morto, de vez que ele será condenado pelo Supremo Tribunal Federal e cumprirá pena em seu domicílio algemado a uma tornozeleira eletrônica, não se envergonham de disputar seu espólio desde já. Se Bolsonaro apoiar um deles, melhor para o escolhido. Se não, vida que segue.
A diferença entre os presidenciáveis é que Tarcísio é o único que poderá dar-se ao luxo de candidatar-se à reeleição. Os demais estão no seu segundo mandato de governador e só têm a perder a chance de virar senador. Darcy Ribeiro dizia que o Senado é melhor do que o céu porque para chegar lá “não é preciso morrer”.
Bolsonaro não se considera carta fora do baralho, embora admita intramuros que será condenado e preso. Aposta na anistia que beneficiaria os bagrinhos do golpe do 8 de janeiro de 2023, e que acabaria por beneficiar os tubarões como ele. Mas, se ela não vier, conta com um dos filhos para seguir vivendo e ser influente.
Se Flávio, ou Eduardo, se elegesse presidente, um indulto salvaria Bolsonaro da prisão, embora não restituísse seus direitos políticos.Se não se elegesse, o filho, e não um estranho, herdaria sua marca. Fora da família, Bolsonaro não confia em ninguém. Para além da família, ninguém confia nele que já entregou tantas cabeças.
É por não confiar em Bolsonaro, e não querer depender inteiramente dele, que Tarcísio, engenheiro por formação, é candidato certo à reeleição, e cada vez mais incerto a presidente. De resto, ainda tem Lula para atrapalhar uma eventual ascensão meteórica de Tarcísio. Então para quê arriscar-se?
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