
No episódio do programa Liga de FIIs, transmitido pelo InfoMoney, os analistas Danilo Bastos, sócio da Ticker Research, e Marcos Baroni, head de fundos imobiliários da Suno Research, discutiram os impactos da nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre as emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). O foco do debate foi a preocupação com a capacidade dos FIIs de papel de reinvestirem de forma eficiente os valores recebidos por meio das amortizações desses títulos — uma peça-chave para a manutenção da rentabilidade dos fundos.
Leia também: Conheça CRI e CRA, aplicações de renda fixa sem IR
A nova resolução amplia as restrições já existentes desde o ano passado. Enquanto, inicialmente, a proibição era voltada apenas para empresas de capital aberto que não atuassem nos setores imobiliário ou do agronegócio, a nova medida estende essa vedação também às empresas de capital fechado.
Continua depois da publicidade
Para Bastos, é inevitável que haja uma redução na oferta de CRIs e, com isso, uma pressão de baixa nos spreads de crédito, ainda que em magnitude moderada. “Ainda não tivemos tempo suficiente para medir esse impacto com precisão, mas a tendência é de alguma compressão nas taxas”, avaliou.
Apesar disso, ele reforçou que os CRIs seguirão oferecendo retornos superiores aos títulos públicos, mesmo com uma possível queda nos spreads.
Leia Mais: Retorno de até 16%: veja os 15 FIIs com melhor desempenho em maio
Continua depois da publicidade
Racionalização do mercado
Segundo Marcos Baroni, da Suno Research, a medida do CMN não representa uma restrição pura e simples, mas sim uma racionalização do mercado. “Algumas emissões desvirtuavam a finalidade do produto. Como há benefícios fiscais envolvidos, é fundamental garantir que os recursos sejam aplicados de forma alinhada à atividade imobiliária ou do agronegócio”, afirmou.
Baroni ponderou que, mesmo com a restrição, o impacto pode ser mitigado pelo atual contexto de mercado. Segundo ele, o volume de capital disponível não é abundante, já que muitos FIIs de papel estão sendo negociados abaixo do valor patrimonial, o que dificulta novas emissões de cotas.
Além disso, o ciclo de juros ainda elevado impõe desafios adicionais para a captação de recursos, o que ajuda a equilibrar a relação entre oferta e demanda no crédito privado.
Continua depois da publicidade
Leia Mais: FIIs poderão recomprar as próprias cotas: o que muda para o investidor?