Era 18 de maio de 2010, uma terça-feira. O programador Laszlo Hanyecz, entusiasta das criptomoedas, publicou em um fórum da internet que pagaria 10 mil unidades de Bitcoin (BTC) por duas pizzas grandes – de preferência com cebolas, pimentões, salsichas, cogumelos, tomates ou calabresa. Na época, cada BTC valia US$ 0,04, o que totalizava cerca de US$ 41.
Quatro dias depois, em 22 de maio, o então estudante Jeremy Sturdivant aceitou o desafio. Ele comprou duas pizzas na tradicional rede Papa John’s e mandou entregá-las na casa de Hanyecz, na Flórida. Em troca, recebeu os 10 mil BTC. Hoje, esse valor equivale a impressionantes R$ 6 bilhões.
O episódio entrou para a história do universo cripto como o Bitcoin Pizza Day. Foi a primeira vez que o ativo digital – até então visto como “coisa de nerd”, pirâmide financeira ou ferramenta de lavagem de dinheiro – foi usado em uma transação real no mundo físico.
Tassia Skolaude, CMO do Mercado Bitcoin (MB), disse que o marco ensina uma lição importante sobre o Bitcoin: seu valor cresce ao longo do tempo. Se, em 2010, os 10 mil BTC compraram duas pizzas, hoje poderiam comprar milhões. “O Pizza Day é um lembrete simbólico e bem-humorado de como o Bitcoin evoluiu”.
Bernardo Srur, CEO da ABcripto, associação que representa o setor de criptoativos no Brasil, falou que o episódio marcou o instante em que a cripto ”ultrapassou a barreira da teoria para se provar, pela primeira vez, como uma ferramenta de troca real.”
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Em 2025, a comemoração “cripto-gastronômica” ganhou um tempero extra. Isso porque o Bitcoin voltou a renovar sua máxima histórica, ultrapassando os US$ 109 mil na quarta-feira (21). O movimento foi impulsionado pelo fluxo nos ETFs (fundos de índice) à vista dos EUA, que registraram entrada líquida de US$ 667 milhões ontem, somando US$ 3,3 bilhões apenas em maio, segundo a plataforma SoSoValue.
A alta também ocorreu na esteira de maior otimismo diante de novas regulações nos EUA, após o Senado americano passar uma nova lei voltada para stablecoins, criptomoedas indexadas principalmente ao dólar.
“O Bitcoin segue sua trajetória de alta, ao lado do ouro, impulsionado pela busca por ativos alternativos em meio às incertezas econômicas globais e ao enfraquecimento do dólar. No curto prazo, o impacto no preço do Bitcoin tende a permanecer levemente positivo, sustentado pelo enfraquecimento do dólar e pelo aumento do interesse institucional no ativo”, afirma André Franco, CEO da Boost Research.
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Além da valorização e das novas regulações, o setor também acompanha de perto a aproximação – em excesso – entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o mercado cripto. Hoje, por exemplo, ele promove um jantar com investidores de sua própria memecoin, a TRUMP. O evento tem gerado controvérsias, sendo criticado por possíveis violações a regras federais e pela suspeita de facilitar o acesso de estrangeiros ao chefe de Estado.
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