O estudante palestino Mohsen Mahdawi, de 34 anos, foi libertado nesta quarta-feira (30/4), após duas semanas de detenção por agentes de imigração dos Estados Unidos. A prisão ocorreu durante uma entrevista para obtenção da cidadania americana, em 14 de abril, em Colchester, Vermont.
Mahdawi mora legalmente nos país há uma década. Ele é aluno da Universidade Columbia e foi detido sob a acusação de representar ameaça à política externa dos EUA, devido ao seu ativismo pró-Palestina.
O juiz federal Geoffrey Crawford ordenou sua libertação, afirmando que a prisão de Mahdawi parecia ser uma retaliação por suas opiniões políticas, protegidas pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
Recado a Trump na saída do Tribunal
Ao deixar o tribunal, Mahdawi declarou: “Estou dizendo isso de forma clara e alta para o presidente Trump e seu gabinete: não tenho medo de vocês. O que estamos testemunhando agora e o que estamos entendendo é exatamente o que o Dr. Martin Luther King disse antes: a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares”.
A prisão de Mahdawi ocorreu em meio a uma série de detenções de estudantes estrangeiros envolvidos em protestos contra a guerra em Gaza, intensificadas durante o segundo mandato do presidente Donald Trump.
Organizações de direitos civis, líderes religiosos e políticos, incluindo o senador Bernie Sanders, condenaram as ações como violações das liberdades civis.
Leia também
-
Mundo
Justiça autoriza deportação de estudante palestino dos EUA
-
Mundo
Governo Trump reage após Corte proibir deportação de venezuelanos
-
Mundo
Trump ataca juiz que barrou deportação: “Lunático da esquerda radical”
-
Mundo
Governo Trump lança aplicativo para “autodeportação” de imigrantes
Suspeita de antissemitismo
Segundo a NBC News, foram apresentados documentos à Justiça que mostram que Mahdawi teria admitido “apoiar atos de violência antissemita” e teria “um interesse e facilidade com armas de fogo para esse fim”.
Um relatório do Departamento de Polícia de Windsor, em Vermont, de 2015, informava que o dono de uma loja de armas declarou que Mahdawi “supostamente disse” que costumava construir metralhadoras “para matar judeus enquanto ele estava na Palestina”.
O palestino fez uma declaração, afirmando estar “absolutamente certo” de que jamais proferiu tais palavras. “Sou uma pessoa pacífica e nunca expressaria querer prejudicar ou matar ninguém. Estou com o coração partido por ter palavras tão terríveis, que contrastam completamente com minha filosofia de vida e crenças espirituais, atribuídas erroneamente a mim”.
Com a libertação, Mahdawi poderá concluir seus estudos e iniciar um mestrado na mesma universidade. O caso continua em andamento, e ele ainda enfrenta um processo de deportação.